A pedido de militares, Planalto tenta impor silêncio como resposta a Olavo de Carvalho, diz fonte
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Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - A ordem no Palácio do Planalto a partir de agora é ignorar os ataques de Olavo de Carvalho e abafar a crise fomentada pelas últimas tiradas do escritor, disse à Reuters nesta terça-feira uma fonte próxima ao presidente Jair Bolsonaro.
'O presidente já deu o recado. Não dá para prestar atenção nesse cidadão. Nunca construiu um banco, plantou uma árvore, pintou um muro', desdenhou a fonte. 'Deixa ele falar sozinho.'
A avaliação da ala militar do governo é que Carvalho apenas cria barulho e intrigas no governo e que é preciso neutralizá-lo.
No último final de semana, Carvalho divulgou um vídeo nas redes sociais com críticas aos militares, que foi distribuído nas redes sociais do presidente, manejadas por seu filho Carlos. Em seguida, o vídeo foi apagado e repostado por Carlos em sua própria conta.
A manobra gerou ruídos entre os militares do governo, que se irritaram com mais uma intromissão. Os interlocutores mais próximos de Bolsonaro fizeram chegar ao presidente que Carvalho havia passado dos limites.
Na segunda-feira, por meio do porta-voz, Otávio do Rêgo Barros, Bolsonaro, em meio a elogios às intenções de Carvalho, afirmou que suas declarações não ajudavam a 'unicidade' e ao projeto do governo. Foi a primeira vez que Bolsonaro respondeu a Carvalho de alguma forma.
O principal problema, no entanto, é a proximidade de Olavo com os filhos do presidente. Desde segunda-feira, quando o vice-presidente, Hamilton Mourão, criticou o escritor, Carlos iniciou ataques seguidos a Mourão pelas redes sociais. Os ataques chegaram a ser vistos como um sinal de que o próprio Bolsonaro estaria irritado com seu vice.
De acordo com a fonte, essa avaliação não é verdadeira.
'A questão do Carlos é outro problema. O presidente tem dificuldades de pôr um freio em determinadas atitudes. Como pai, eu entendo a situação. Mas claro que cria problemas.'
A fonte comentou ainda que Olavo de Carvalho resolveu pegar o vice-presidente 'para Cristo', mas a estratégia agora é não dar mais resposta ao escritor.
Já seguindo o combinado, ao chegar do almoço, o vice-presidente --que raramente recusa entrevistas-- respondeu aos jornalistas apenas com um 'sem comentários.'
Escrito por Thomson Reuters
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