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Afrodescendentes pressionam por reconhecimento em conferência da ONU sobre biodiversidade

Placeholder - loading - Membros da comunidade afro-colombiana se manifestam em apoio ao governo do presidente colombiano Gustavo Petro durante a COP 16 em Cali, Colômbia 23/10/2024 REUTERS/Luisa Gonzalez
Membros da comunidade afro-colombiana se manifestam em apoio ao governo do presidente colombiano Gustavo Petro durante a COP 16 em Cali, Colômbia 23/10/2024 REUTERS/Luisa Gonzalez

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Por Jake Spring e Javier Andres Rojas

CALI, Colômbia (Reuters) - A Colômbia e o Brasil pressionam a ONU na conferência sobre biodiversidade COP16, nesta quarta-feira em Cali, pelo reconhecimento oficial da contribuição de afrodescendentes à conservação da vasta biodiversidade da região.

Nos debates, já foi reconhecido o papel fundamental dos povos indígenas na preservação da natureza no globo e a nova proposta busca dar aos afrodescendentes reconhecimento semelhante, visto que seus conhecimentos tradicionais e estilos de vida também contribuem para a conservação.

'Quilombolas e indígenas, eles são agentes de conservação da natureza', disse a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, à Reuters. 'Agentes de conservação do nosso planeta, na verdade.'

Pessoas de ascendência africana ocupam aproximadamente 2 milhões de quilômetros quadrados de terras rurais na América Latina, de acordo com John Anton Sanchez, pesquisador do Processo de Comunidades Negras (PCN), grupo que reúne organizações comunitárias.

Segundo ele, essa área é maior do que o México e está mais de 80% preservada graças às comunidades afrodescendentes.

'Nós temos lutado contra um sistema inteiro que tenta extrair e esgotar os recursos naturais e toda a biodiversidade', disse Marino Córdoba, representante da organização afrodescendente colombiana Afrodes, na COP16.

'Acreditamos que estar no meio da biodiversidade e da natureza nos torna ricos.'

A proposta do Brasil e da Colômbia, atualmente em avaliação, incentivaria as partes da Convenção sobre Diversidade Biológica da ONU a se relacionar com essas comunidades e incorporar seus conhecimentos tradicionais de práticas sustentáveis na tomada de decisões.

'Estamos fazendo isso há mais de 200 anos, desde o primeiro momento em que nossos ancestrais chegaram aqui na Colômbia como escravos', disse Laura Valentina Rojas, jovem ativista na COP16.

A proposta também incentiva os envolvidos nas negociações das Nações Unidas a proteger os territórios tradicionalmente ocupados por essas comunidades.

Apenas cerca de 80 mil quilômetros quadrados da região ocupada por afrodescendentes têm proteção e reconhecimento formal de seus governos, de acordo com dados de Sanchez.

As comunidades afrodescendentes há muito tentam reconhecimento oficial, mas agora estão ganhando força nos corredores do poder sob governos progressistas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Brasil, e do presidente Gustavo Petro, na Colômbia, avalia Franco.

Franco trabalhou com Francia Márquez, a primeira vice-presidente de ascendência africana da Colômbia, na elaboração da proposta.

'O fato de ter duas mulheres à frente de pautas como essa, no Brasil e Colômbia, diz muito sobre essa nova era', acrescentou Franco.

Escrito por Reuters

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