Ao retornar, palestinos encontram ratos, cães e roupas rasgadas em meio às ruínas das casas de Gaza
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Por Mahmoud Issa
JABALIA, Gaza (Reuters) - Ratos e cães que se alimentam em meio às ruínas de seu bairro no norte de Gaza tornam o retorno de Manal Al-Harsh à sua casa, destruída, ainda mais desolador.
Apesar do alívio dos bombardeios israelenses proporcionado pelo cessar-fogo, ela ainda teme pela segurança de sua família. Eles têm dificuldade para dormir à noite.
Até mesmo tentar encontrar as roupas dos filhos em meio aos escombros de sua casa em Jabalia é uma tarefa árdua.
Al-Harsh, de 36 anos, montou uma tenda improvisada com cobertores recuperados para dar abrigo a ela e às crianças.
'Estamos ficando aqui, mas temos medo de ratos e de tudo ao nosso redor. Há cachorros. Não há lugar para nos instalarmos. Temos filhos. É difícil', disse Harsh, enquanto caminhava cautelosamente sobre os escombros.
Ela conta que retornou do sul do enclave palestino quando o cessar-fogo entrou em vigor, mas encontrou sua casa destruída.
Grande parte do restante da Cidade de Gaza também está em ruínas após 15 meses de combates e ondas de ataques aéreos e barragens de artilharia israelenses que a deixaram como uma sombra do movimentado centro urbano que era antes da guerra.
'Estamos praticamente dormindo aqui, mas não dormimos. Temos medo de que alguém venha até nós. Estamos dormindo e com medo', disse ela.
'Quero pegar algumas roupas para as crianças usarem. Viemos sem nada. A vida aqui é cara e não há dinheiro para comprar nada.'
Muitos dos que retornaram, por vezes carregados com pertences que mantiveram após meses de deslocamentos à medida que os campos de batalha mudavam, caminharam 20 km ou mais ao longo da rodovia costeira ao norte.
Como muitos palestinos deslocados, Al-Harsh enfrenta incertezas enquanto tenta salvar o que resta. Ela conseguiu pegar algumas roupas dos escombros, mas em um estado lastimável.
'Está tudo rasgado. Nada está bom. Por mais que façamos, por mais que recuperemos, tudo é pedra', disse ela.
'A morte é melhor', disse Al-Harsh, com a voz carregada de desespero.
(Reportagem de Mahmoud Issa)
Escrito por Reuters