Após visita, embaixador italiano diz que Bolsonaro tem 'ideias muito claras' sobre Battisti
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RIO DE JANEIRO (Reuters) - O embaixador italiano no Brasil, Antonio Bernardini, disse nesta segunda-feira após visitar o presidente eleito Jair Bolsonaro que a Itália continua aguardando a extradição do ex-ativista Cesare Battisti, que recebeu status de asilado no Brasil concedido pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Bolsonaro afirmou repetidas vezes durante a campanha presidencial que tem o compromisso de extraditar Battisti, a quem descreve como 'terrorista'.
'O presidente Bolsonaro tem ideias muito claras sobre o Battisti“, disse o embaixador a repórteres após visitar Bolsonaro na casa do presidente eleito na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio de Janeiro.
“O caso Battisti é muito claro. A Itália está pedindo a extradição do Battisti e o caso está com o Supremo Tribunal Federal, e esperamos que o Supremo tome uma decisão no tempo mais curto possível“, acrescentou.
Battisti teve sua extradição requerida pela Itália ao Brasil em razão de ter sido condenado naquele país a prisão perpétua por quatro assassinatos na década de 1970, quando era integrante de um grupo militante de esquerda. No entanto, o então presidente Lula decidiu, no final de 2010, conceder a Battisti status de asilado no Brasil.
Em outubro do ano passado, Battisti foi detido em Corumbá (MS), cidade próxima à fronteira com a Bolívia, carregando dólares e euros em espécie, numa indicação de que poderia estar planejando uma fuga do país, o que levou a Itália a reiterar seu pedido ao governo brasileiro pela extradição.
Battisti, no entanto, foi solto por ordem da Justiça e responde ao processo em liberdade, sob algumas medidas restritivas. O processo de extradição dele voltou a tramitar no Supremo Tribunal Federal (STF) no ano passado depois que a defesa do italiano apresentou um recurso que busca evitar que seja revertida a decisão do governo Lula que permitiu ao ex-ativista permanecer no Brasil.
Nesta segunda-feira, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, apresentou uma petição ao STF em que 'pede preferência' para o julgamento de uma ação que discute a possibilidade de se extraditar Battisti. Na mais recente manifestação, Dodge não tece considerações sobre o processo em si, sob relatoria do ministro Luiz Fux.
Entretanto, em março, Dodge já havia enviado parecer ao STF na qual se posicionou a favor de que cabe ao presidente da República tomar essa decisão.
Além da comitiva do embaixador italiano, Bolsonaro também recebeu nesta manhã um grupo de chineses liderado pelo embaixador da China no país, Li Jinzhang. Os encontros tiveram a presença do economista Paulo Guedes, futuro ministro da Economia de Bolsonaro.
(Por Rodrigo Viga Gaier, com reportagem adicional de Ricardo Brito em Brasília)
Escrito por Thomson Reuters
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