Biden compara ataque do Hamas ao Holocausto em alerta de antissemitismo
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Por Trevor Hunnicutt
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, alertou nesta terça-feira que a ameaça do antissemitismo está crescendo nos EUA, incluindo nas universidades, à medida que seu apoio ao ataque de Israel a Gaza divide os democratas e afasta alguns eleitores jovens.
Num discurso em homenagem aos 6 milhões de judeus mortos no Holocausto, Biden juntou-se a um acalorado debate norte-americano sobre segurança judaica, sionismo, liberdade de expressão e apoio a Israel, no país com a maior população judaica depois de Israel.
Dirigindo-se a uma audiência bipartidária na comemoração anual do Museu Memorial do Holocausto dos EUA, ele alertou para o risco de que a verdade sobre o assassinato sistemático de judeus durante a Segunda Guerra Mundial se perca.
''Nunca mais' traduzido simplesmente para mim significa: Nunca esqueça. Nunca esquecer significa que devemos continuar contando a história, devemos continuar ensinando a verdade', disse Biden no Salão de Emancipação do Capitólio dos EUA. 'A verdade é que corremos o risco de as pessoas não saberem a verdade.'
Biden falou sete meses depois que o grupo militante palestino Hamas atacou Israel em 7 de outubro, matando 1.200 pessoas, segundo os registros israelenses, no que o presidente tem chamado de o dia mais mortal para os judeus desde o Holocausto.
“Este ódio (aos judeus) continua profundamente nos corações de muitas pessoas no mundo e requer a nossa vigilância e franqueza contínuas”, disse Biden.
'Agora aqui estamos, não 75 anos depois, mas apenas sete meses e meio depois, e as pessoas já estão esquecendo... que o Hamas desencadeou este terror', afirmou. 'Eu não esqueci, nem você. E não esqueceremos.'
O discurso de Biden ocorre no momento em que a retaliação de Israel em Gaza já matou quase 35.000 pessoas, de acordo com autoridades de saúde do enclave, deixou muitos dos 2,3 milhões de palestinos da região à beira da fome e provocou protestos nos EUA exigindo que universidades e o governo de Biden retirem o apoio a Israel.
Biden reconheceu o direito dos norte-americanos de protestar e manifestar-se, mas não mencionou as mortes em Gaza.
“Sabemos que criar bodes expiatórios e demonizar qualquer minoria é uma ameaça para todas as minorias”, disse Biden. “Não há lugar em nenhum campus da América para antissemitismo, discurso de ódio ou ameaças de violência de qualquer tipo”.
Muitos judeus norte-americanos têm criticado os ataques israelenses em Gaza, liderando protestos contra as ações do governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
Enquanto isso, grupos de defesa relatam um aumento acentuado de ataques antissemitas nos EUA desde 7 de outubro, bem como de ataques antimuçulmanos. Alguns norte-americanos são a favor de políticas de tolerância zero que definam o antissemitismo de forma ampla, outros veem a ameaça de ataques contra judeus sendo usada para limitar críticas legítimas ao apoio dos EUA a Israel.
É também um momento político importante para Biden, que está em uma disputa acirrada com o rival republicano Donald Trump. O presidente pode estar perdendo o apoio crucial de democratas jovens por conta de seu apoio a Israel, dizem membros de seu partido.
Biden se comprometeu a unir o país e disse que foi inspirado a concorrer para a Presidência em 2020 pela resposta de Trump ao comício extremista em Charlottesville, na Virgínia, em 2017, onde os manifestantes gritaram 'os judeus não nos substituirão'.
Trump, por outro lado, tem procurado explorar as divisões entre democratas sobre a resposta de Israel e a ampliação dos protestos nas universidades para melhorar seu apoio com eleitores judeus, que tradicionalmente votam nos democratas.
O ex-presidente e o Partido Republicano têm argumentado que os protestos são motivados pelo antissemitismo e que Biden não tem conseguido proteger os estudantes judeus no campus.
Escrito por Reuters
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