Aprovação da reforma da Previdência de Temer faria economia crescer até 3,5% em 2019, diz Guedes
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BRASÍLIA (Reuters) - A aprovação ainda neste ano da reforma da Previdência abriria espaço para maior retomada da economia em 2019, afirmou o futuro ministro da Fazenda, Paulo Guedes, alertando que, caso isso não ocorra, o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) trabalhará com um texto completamente novo.
Para Guedes, o aval dos parlamentares à proposta de Michel Temer para a Previdência tiraria uma nuvem negra sobre o próximo governo. Sem isso, seria preciso acelerar reformas fiscais de outra forma, acrescentou.
'Seria excelente para o país se nós conseguíssemos aprovar uma reforma da Previdência e o Banco Central independente (este ano). Seria ótimo. Você já entrava o ano que vem com a perspectiva de a economia crescer 3,0, 3,5 por cento, e você então teria tempo para trabalhar as reformas estruturantes', disse a jornalistas, antes de se encontrar com o atual ministro da Fazenda, Eduardo Guardia.
'Em vez de nós passarmos o ano que vem com uma espada na cabeça e tendo que aprovar com velocidade reformas, isso limpa o horizonte. E nós poderíamos entrar com reformas estruturantes com mais calma. Se isso não for possível, nós vamos ter que acelerar reformas de outra forma', acrescentou.
Ao falar com jornalistas, ele ressaltou que ainda que o texto de Temer ganhe aval dos parlamentares, o governo Bolsonaro seguirá com o intuito de introduzir posteriormente o regime de capitalização para a Previdência.
'É um crime contra as futuras gerações continuar no sistema de repartição', disse ele, sobre o modelo em que os contribuintes da ativa pagam os benefícios dos que se aposentam.
'O que estava na minha cabeça era o seguinte: vamos terminar esse ano aprovando essa reforma e começamos o ano que vem, aí sim, com um ano para estudar essa transição para a força de trabalho mais jovem para um novo regime previdenciário', disse.
A ideia é que seja ofertada aos novos entrantes a escolha entre o novo regime ou o atual, de repartição, sendo que os que aderirem à capitalização contribuirão para suas contas individuais e serão beneficiados com redução dos encargos trabalhistas.
Apesar de a investida ter sido divulgada no programa de governo de Bolsonaro, o presidente eleito afirmou em entrevista recente à Band que o martelo sobre o modelo de aposentadoria ainda não foi batido e que tem desconfiança sobre a capitalização.
Questionado sobre o assunto, Guedes afirmou que a desconfiança do futuro presidente e também da classe política é 'absolutamente natural'.
'É natural que pessoas que não conhecem o assunto profundamente tenham dúvidas, é absolutamente natural. Ainda mais um presidente que tem responsabilidade e tendo sido eleito com 56 milhões de votos, é natural que ele tenha apreensões', disse.
Ele também afirmou que 'não existe' qualquer plano para renegociação da dívida do país, e que o governo Bolsonaro buscará, na verdade, fazer privatizações para quitar parte da dívida pública brasileira e um pacto federativo para contemplar Estados e municípios com os recursos hoje destinados ao pagamento de juros.
Nesse sentido, afirmou que a Eletrobras e suas distribuidoras no Amazonas e Alagoas estão sem capacidade de investimento, o que não é bom para a estatal tampouco para os governos estaduais e nem para a União.
'Se em vez de privatizar essas distribuidoras isso cair pra dentro dela de volta, ela (Eletrobras) vai ter um ônus extraordinário. Porque ela já não tem dinheiro para investir e ainda vai ter que carregar essas bombas lá dentro', disse.
Segundo Guedes, as prioridades do novo governo são claras e contemplam o controle dos gastos públicos e uma grande reforma do Estado.
(Por Marcela Ayres)
Escrito por Thomson Reuters
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