Bolsonaro nega que volte ao Brasil para liderar oposição, mas quer viajar pelo país
Publicada em
(Reuters) - O ex-presidente Jair Bolsonaro, que embarca nesta quarta-feira com destino ao Brasil após quase três meses de autoexílio nos Estados Unidos, afirmou que não está voltando ao país para 'liderar a oposição'.
Bolsonaro, que deixou o Brasil na véspera do fim de seu mandato, volta ao país deixando claro que no momento encontra-se sem mandato e, portanto, sem foro privilegiado. Ainda assim, prometeu, em entrevista à CNN Brasil, que pretende fazer ao menos duas viagens por mês pelo país, de olho nas eleições municipais de 2024.
'Algumas coisas são páginas viradas para nós', disse à CNN Brasil, referindo-se à disputa eleitoral de 2022. 'E vamos, sim, nos preparar para as eleições do ano que vem. Pretendo rodar pelo Brasil', acrescentou.
'Digo: não vou liderar nenhuma oposição. Vou participar com o meu partido como uma pessoa experiente.'
Bolsonaro disse ainda que apoiará a bancada de parlamentares de seu partido, o PL, criticou o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que o derrotou nas urnas, e defendeu a instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre os atos antidemocráticos perpetrados por apoiadores seus, que resultaram na depredação dos prédios do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal federal (STF).
As imagens da CNN Brasil mostraram o ex-presidente na área de embarque do aeroporto de Orlando, Flórida, conversando e tirando fotos com apoiadores. Bolsonaro chegou a reafirmar suas críticas à Venezuela em uma das falas. Bolsonaro já havia ensaiado outros retornos ao país.
Representantes das forças de segurança pública do Distrito Federal e do governo federal prepararam um esquema especial para a chegada de Bolsonaro na manhã da quinta-feira em Brasília. A intenção das forças de segurança é evitar aglomeração, tumulto e congestionamento do trânsito e além de tentar impedir até mesmo problemas na malha aérea.
O presidente chega ao país em meio à determinação do Tribunal de Contas da União (TCU) para que entregue ao poder público um terceiro conjunto de joias recebido como presente da Arábia Saudita. O tribunal também alertou que decisão da semana passada já exigia a apresentação de todos os itens ofertados pelos sauditas.
No aeroporto, o presidente negou irregularidades no recebimento dos presentes, afirmou que as reportagens que denunciaram o caso só foram possíveis porque houve um registro desse recebimento -- 'nada foi escondido'. Ele adiantou ainda que seguirá as orientações de seu advogado no processo.
Bolsonaro, que admitiu contariedade em entregar à Polícia Federal armas também recebidas como presentes, afirmou que o terceiro lote de joias deve ser entregue ao poder público até a sexta-feira.
O Palácio do Planalto pretende ignorar a volta de Bolsonaro ao Brasil, e orientou seus integrantes a não tecer comentários ou mudar qualquer programação por causa da presença do ex-presidente em Brasília.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)
Escrito por Reuters
SALA DE BATE PAPO