Clima extremo na América Latina desencadeia ciclo vicioso que alimenta ainda mais os perigos climáticos
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Por Nelson Acosta
HAVANA (Reuters) - O clima extremo causa estragos em toda a América Latina, acumulando bilhões em prejuízos e desencadeando um ciclo vicioso que leva a uma maior demanda por combustíveis fósseis e mais mudanças climáticas, disse a Organização Meteorológica Mundial nesta quarta-feira.
As temperaturas aqueceram uma média de 0,2 grau Celsius por década nos últimos 30 anos -- taxa mais alta já registrada de acordo com o relatório Estado do Clima na América Latina e no Caribe 2022.
À medida que as temperaturas aumentam, os eventos climáticos extremos tornam-se mais comuns, com consequências muitas vezes inesperadas que provocam mudanças climáticas adicionais, disse o relatório.
'A seca prolongada levou a uma queda na produção hidrelétrica em grande parte da América do Sul, provocando um aumento na demanda por combustíveis fósseis em uma região com grande potencial inexplorado de energia renovável', disse o relatório.
Alimentados por solos secos e calor extremo, incêndios florestais em áreas da América Latina no ano passado levaram as emissões de dióxido de carbono a atingir o nível mais alto em 20 anos, elevando as temperaturas e aumentando ainda mais o risco de desastres, observou o relatório.
'Muitos dos eventos extremos foram influenciados pelo La Niña prolongado, mas também carregam a marca das mudanças climáticas induzidas pelo homem”, disse o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas.
'O recém-chegado El Niño vai intensificar o calor e trará consigo um clima mais extremo.'
Secas e tempestades são responsáveis pela maior parte dos 9 bilhões de dólares em danos econômicos relatados em 2022 ao Banco de Dados de Eventos de Emergência (EM-DAT, em inglês) do Centro de Pesquisa em Epidemiologia de Desastres (CRED).
O relatório do Instituto Meteorológico Mundial surge em meio à Convenção sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento realizada em Havana e organizada pelo grupo G77 de nações em desenvolvimento, que inclui a China.
A ministra do Meio Ambiente de Cuba, Elba Rosa Pérez, disse durante a sessão de abertura da convenção na terça-feira que a situação levou muitos países em desenvolvimento ao limite.
“Estamos enfrentando impactos cada vez mais fortes das mudanças climáticas, mas as decisões adotadas nas negociações climáticas para a implementação do Acordo de Paris não avançam no mesmo ritmo”, afirmou.
O Acordo de Paris de 2015 estabeleceu uma meta de manter o aquecimento abaixo de 1,5 grau Celsius acima dos níveis pré-industriais, mas cientistas e ativistas alertam que são necessárias mais ações para evitar os piores impactos das mudanças climáticas.
(Reportagem de Nelson Acosta)
Escrito por Reuters
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