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Com saída de Assad da Síria, primeiro-ministro concorda em entregar poder a rebeldes

Placeholder - loading - Vista de Damasco na manhã após rebeldes tomarem a capital, Síria 09/12/2024 REUTERS/Amr Abdallah Dalsh
Vista de Damasco na manhã após rebeldes tomarem a capital, Síria 09/12/2024 REUTERS/Amr Abdallah Dalsh

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Por Maya Gebeily e Timour Azhari

DAMASCO (Reuters) - O primeiro-ministro do presidente sírio deposto, Bashar al-Assad, disse que concordou nesta segunda-feira em entregar o poder ao Governo de Salvação liderado pelos rebeldes, um dia após eles tomarem a capital Damasco e Assad fugir para a Rússia.

A iminente transferência de poder ocorre após 13 anos de guerra civil e o fim de mais de 50 anos de governo brutal da família Assad, deixando os sírios no país e milhões de refugiados no exterior esperançosos, mas profundamente incertos sobre o futuro da Síria.

Os preços do petróleo subiram mais de 1% nesta segunda-feira, em parte devido a preocupações de que a incerteza na Síria, que não é uma grande produtora de petróleo, possa aumentar a instabilidade regional, segundo analistas.

Damasco voltou à vida nesta segunda-feira, com o tráfego retornando às ruas e as pessoas se aventurando a sair após o toque de recolher noturno, mas a maioria das lojas permaneceu fechada.

Os combatentes do interior remoto se aglomeraram na capital, agrupando-se na Praça Umayyad, no centro.

'Tínhamos um propósito e um objetivo e agora terminamos com isso. Queremos que o Estado e as forças de segurança estejam no comando', disse Firdous Omar, que afirmou ter lutado contra o governo de Assad desde 2011 e que agora espera retomar seu trabalho como agricultor na província de Idlib.

O primeiro-ministro de Assad, Mohammed Jalali, disse à emissora Al Arabiya que havia concordado em entregar o poder ao Governo de Salvação, administração baseada no território controlado pelos rebeldes no noroeste da Síria.

Segundo ele, a transferência pode levar dias para ser realizada.

O principal comandante rebelde, Ahmed al-Sharaa, mais conhecido como Abu Mohammed al-Golani, reuniu-se durante a noite com Jalali e o vice-presidente Faisal Mekdad para discutir um governo de transição, disse uma fonte familiarizada à Reuters. Golani prometeu reconstruir a Síria.

Segundo a emissora de televisão Al Jazeera, a autoridade de transição será chefiada por Mohamed al-Bashir, que dirigiu o Governo de Salvação antes da ofensiva relâmpago de 12 dias que invadiu Damasco.

O avanço de uma aliança de milícias liderada pelo Hayat Tahrir al-Sham, um antigo afiliado da Al-Qaeda, foi um ponto de virada geracional para o Oriente Médio.

A varredura dos rebeldes pôs fim a uma guerra que matou centenas de milhares de pessoas, causou uma das maiores crises de refugiados dos tempos modernos e deixou cidades bombardeadas até os escombros, o campo despovoado e a economia esvaziada por sanções globais.

CATAR ABRE CONTATO

O Estado policial de Assad era conhecido como um dos mais severos do Oriente Médio, mantendo centenas de milhares de prisioneiros políticos. No último domingo, presos exultantes saíram das prisões.

Os refugiados puderam finalmente voltar para casa de campos na Turquia, no Líbano e na Jordânia. Países europeus suspenderam pedidos de asilo dos sírios enquanto aguardam maior clareza sobre a situação em Damasco.

Governos regionais, incluindo o Irã, tentaram nesta segunda-feira estabelecer novos vínculos com os insurgentes. O Catar abriu contatos com o HTS e planeja falar com Bashir na terça-feira, disse uma autoridade à Reuters.

Os EUA têm se comunicado com os grupos sírios, inclusive por meio de intermediários, segundo o Departamento de Estado.

(Reportagem de Maya Gebeily e Timour Azhari em Damasco; Suleiman al-Khalidi em Amã; Maayan Lubell em Jerusalém; Andrew Mills em Doha; Tom Perry e Laila Bassam em Beirute; Jaidaa Taha e Adam Makary no Cairo; Clauda Tanios, Nadine Awadallah e Tala Ramadan em Dubai)

Escrito por Reuters

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