Comissão culpa negligência israelense por desastre com multidão em 2021 e implica Netanyahu
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JERUSALÉM (Reuters) - Uma comissão de inquérito israelense afirmou nesta quarta-feira que anos de negligência nos níveis mais altos do governo levaram à morte de 45 pessoas em um festival religioso superlotado em 2021, implicando diretamente o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, no desastre.
O painel determinou que Netanyahu compartilhava a responsabilidade pelo incidente, o pior desastre civil já ocorrido no país, mas não recomendou que nenhuma medida fosse tomada contra ele.
O painel de três membros coletou cerca de 213 testemunhos para seu relatório.
A tragédia ocorreu quando dezenas de milhares de judeus ultraortodoxos se aglomeraram no túmulo do sábio do século 2 rabi Shimon Bar Yochai, na Galileia, para a celebração anual do Lag BaOmer, que inclui orações durante toda a noite, canções místicas e dança.
Durante a cerimônia, parte da multidão entrou em um túnel estreito e 45 celebrantes, incluindo crianças, foram asfixiados ou esmagados até a morte.
As mortes, entretanto, foram resultado de problemas mais profundos e bem conhecidos que datam de anos antes, de acordo com as conclusões do painel. Esses problemas incluíam a má administração do local, que anualmente atraía grandes multidões, regras de segurança que eram repetidamente ignoradas e mudanças necessárias que nunca foram feitas.
O comitê disse que 'teve a impressão de que as pressões políticas afetaram negativamente o processo de tomada de decisões relacionadas à administração do local e sua qualidade, e impediram tentativas de melhorar a situação'.
Dezoito autoridades e líderes religiosos, incluindo Netanyahu, ministros do gabinete e o chefe de polícia, já haviam recebido cartas de advertência informando-os de que poderiam ser considerados corresponsáveis.
Com relação ao papel de Netanyahu, o relatório disse que era razoável determinar que o veterano primeiro-ministro sabia que o complexo havia sido mal cuidado durante anos e que isso representava um risco.
'Mesmo se, por uma questão de cautela, presumirmos que Netanyahu não tinha conhecimento real sobre o assunto, sob as circunstâncias ele deveria saber', disse o relatório.
O comitê determinou que a maioria das 18 autoridades, incluindo Netanyahu, tinha alguma responsabilidade pessoal na má administração do local que levou ao desastre do festival, e recomendou ações disciplinares contra algumas delas.
(Reportagem de Ari Rabinovitch)
Escrito por Reuters
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