Conab eleva área plantada de soja no Brasil e vê safra maior apesar de perdas no RS
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Por Roberto Samora e Letícia Fucuchima
(Reuters) - A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) elevou nesta terça-feira suas previsões para as safras de soja e milho do Brasil 2023/24 por ajustes de área cultivada, e apontou alguns impactos negativos preliminares das fortes chuvas no Rio Grande do Sul para a produção total de grãos e oleaginosas do país, com perdas no arroz e menor produtividade da soja.
No novo levantamento, a safra de soja 2023/24 foi estimada em 147,68 milhões de toneladas, ante 146,52 milhões de toneladas previstas no mês passado. Já para o milho, a produção total foi projetada em 111,63 milhões de toneladas, contra 110,96 milhões da estimativa anterior.
No caso da soja, a área plantada do Brasil foi elevada em quase 500 mil hectares, para 45,7 milhões de hectares, enquanto no milho a expectativa de plantio subiu mais de 230 mil hectares, para 20,6 milhões de hectares.
A produtividade média nacional da soja e do milho praticamente não foi alterada, com quedas de 0,3% na oleaginosa e 0,5% no cereal. Mesmo para o Rio Grande do Sul, a projeção de produtividade mudou comparativamente pouco com a catástrofe climática (-3,4%), para 3.168 kg por hectare, versus 3.280 kg/ha, no levantamento antes das chuvas.
Além disso, a Conab citou que a colheita estava avançada antes das enchentes.
'No Rio Grande do Sul, as lavouras vinham desde o início do plantio apresentando bom desenvolvimento... com 75% da área colhida até o início de maio... A chegada das fortes chuvas, que ainda estão ocorrendo em grande parte do Estado no período do levantamento, já possibilita estimar perdas no campo', afirmou a Conab.
A safra de soja gaúcha foi estimada em 21,4 milhões de toneladas, versus 21,9 milhões de toneladas no levantamento anterior, com a previsão atual ficando abaixo da apontada por alguns analistas privados, que já veem redução de até 3 milhões de toneladas no Rio Grande do Sul.
Ainda assim, segundo a estatal, em virtude de ajustes de área e produtividade, caso a catástrofe climática não tivesse ocorrido no Rio Grande do Sul, a produção de soja do Brasil teria sido estimada no levantamento de maio acima de 148,4 milhões de toneladas.
O presidente da Conab, Edegar Pretto, afirmou que ainda não é possível ter precisão das perdas para o setor no Estado.
'Os níveis de água estão elevados e o acesso às propriedades é difícil, impossibilitando que se faça uma avaliação mais detalhada', disse, em nota.
No caso do arroz, a Conab afirmou que os prejuízos no Estado ainda estão sendo mensurados, mas que pelo menos 8% da área gaúcha para a cultura registrará perdas devido às volumosas chuvas.
ARROZ: MAIS IMPORTAÇÃO
A Conab rebaixou em apenas 0,7% a estimativa de produção de arroz do Brasil na comparação com o levantamento anterior, para 10,5 milhões de toneladas, enquanto a produção do Rio Grande do Sul foi estimada em 7,27 milhões de toneladas, 200 mil toneladas abaixo da projeção de abril --a colheita de arroz também estava avançada quando as enchentes atingiram o principal Estado produtor do Brasil, com mais de 80% das áreas colhidas, segundo informações de produtores.
Apesar da leve redução na estimativa para o arroz, a Conab frisou que os prejuízos ainda estão sendo mensurados.
'A projeção tende a ser revisada à medida que os impactos das chuvas no Estado gaúcho forem dimensionados. No entanto, a produção brasileira atende o abastecimento interno, devendo as vendas ao mercado internacional serem impactadas', disse a Conab, sinalizando que haverá oferta adicional de uma redução nas exportações brasileiras.
A Conab reduziu em 300 mil toneladas a previsão de exportação de arroz do Brasil, para 1,2 milhão de toneladas. Simultaneamente, elevou a previsão de importação do grão pelo país em 750 mil toneladas, para 2,2 milhões de toneladas.
Uma parte desta importação adicional poderá ser feita pela própria Conab, após o governo editar medida provisória que permite a importação de até 1 milhão de toneladas de arroz, com o objetivo de evitar impactos inflacionários.
No caso do milho, as projeções de importações e exportações não foram alteradas. Na soja, também houve pouca alteração na exportação na atual temporada, para 92,5 milhões de toneladas, enquanto a importação ficou estável em 800 mil toneladas, no comparativo mensal.
(Por Letícia Fucuchima e Roberto Samora, em São Paulo)
Escrito por Reuters
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