Crianças imigrantes presas na fronteira dos EUA podem sofrer trauma permanente, dizem especialistas
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Por Lin Taylor
LONDRES (Thomson Reuters Foundation) - As crianças imigrantes separadas dos pais na fronteira dos Estados Unidos com o México correm risco de sofrer danos permanentes no corpo e na mente devido ao trauma, disseram especialistas em cérebro antes do prazo de quinta-feira para a reunião das famílias.
'O estresse extremo no início da infância provoca uma vida inteira de suscetibilidade acentuada a uma série de dificuldades médicas e psicológicas', disse Daniel Weinberger, psiquiatra e neurologista, à Thomson Reuters Foundation.
'A separação dos pais entre estranhos em uma terra estranha é um estresse grave no início da infância, com implicações de longo prazo e permanentes para a saúde dos indivíduos', acrescentou Weinberger, diretor do Instituto Lieber de Desenvolvimento Cerebral da Universidade Johns Hopkins, nos EUA.
Cerca de 2.500 crianças foram separadas dos pais devido à política de 'tolerância zero' do presidente dos EUA, Donald Trump, mediante a qual crianças foram enviadas a centros de acolhimento em todo o país e seus pais foram presos em centros de detenção ou prisões federais.
Muitas famílias entraram nos EUA ilegalmente, e outras pediram asilo em passagens de fronteira fugindo da violência na Guatemala, El Salvador e Honduras.
Charles Nelson, neurocientista e psicólogo da Universidade de Harvard, classificou as separações com um 'ato desumano' que pode traumatizar novamente qualquer criança que tenha testemunhado uma crise em casa.
'Será que elas deixaram um país tumultuado ou com níveis altos de violência? Menciono isso porque, quando elas chegam à fronteira e são separadas, pode já existir uma suscetibilidade a novos traumas', disse ele em uma entrevista por telefone.
'Isso é escandaloso e completamente desnecessário. É um ato desumano. Nada de bom sairá de nada disso', afirmou Nelson, que passou décadas pesquisando o impacto de longo prazo em crianças adotadas e abandonadas em orfanatos.
Trump acabou com a prática de dividir famílias em junho, depois que gravações de áudio e vídeo de crianças chorando sentadas em jaulas provocaram revolta em todo o mundo.
Até segunda-feira ao menos 879 pais haviam sido reunidos aos filhos, segundo documentos apresentados pelo governo e pela União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU).
Escrito por Thomson Reuters
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