Delegado da PF brasileira vence eleição para secretário-geral da Interpol
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Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) -O delegado da Polícia Federal Valdecy Urquiza, atual diretor de Cooperação Internacional da corporação, venceu nesta terça-feira a eleição para ser o próximo secretário-geral da Interpol entre 2025 e 2030, tornando-se o primeiro dirigente nos 100 anos da história da instituição com origem em um país em desenvolvimento.
Na eleição do Comitê Executivo da Interpol, realizada em Lyon, na França, Urquiza recebeu oito votos, enquanto o britânico Stephen Kavanagh recebeu três. Também participaram, mas não receberam votos, Mubita Nawa, da Zâmbia, e Faisal Shahkar, do Paquistão.
'É a primeira vez que um candidato de um país do Sul Global vence nesta importante organização, que conta com 195 países', disse na rede social X o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
'Sua indicação mostra a importância da retomada da diplomacia brasileira, o prestígio da Polícia Federal brasileira e a confiança em nosso país para essa importante missão na manutenção da lei e combate ao crime organizado no mundo'.
A indicação do Comitê Executivo da Interpol deve ser ratificada, em novembro, pela Assembleia Geral da organização, conforme comunicado conjunto dos ministérios das Relações Exteriores e da Justiça e Segurança Pública.
'A eleição do delegado Urquiza reflete a alta prioridade atribuída pelo governo brasileiro ao combate ao crime organizado transnacional, que tem na cooperação internacional, crescentemente, uma dimensão essencial', disseram as pastas.
'Representa, ademais, o reconhecimento, pela comunidade internacional, do profissionalismo e da competência da Polícia Federal brasileira no enfrentamento à criminalidade, bem como de sua relevante contribuição ao trabalho da Interpol', destacaram.
Em entrevista por telefone à Reuters de Lyon após a eleição, Urquiza disse que planeja fortalecer a Interpol como “uma plataforma absolutamente necessária para o trabalho policial no mundo” e evitar que a agência seja usada para fins políticos.
A Rússia escapou de ser suspensa da Interpol depois de invadir a Ucrânia em 2022, quando críticos acusaram Moscou de usar indevidamente as ferramentas da agência, como seu sistema de “alerta vermelho”, para fazer com que oponentes políticos fossem presos no exterior.
'A Interpol tem que se manter como uma plataforma técnica. Não posso comentar sobre qualquer caso concreto, mas temos mecanismos muito eficientes que devem ser robustecidos também. Existem oportunidades de melhoria desses mecanismos que impeçam a utilização para fins aqueles não previstos', afirmou.
Em entrevista à Reuters em fevereiro, Urquiza havia defendido que a Interpol deveria eleger um novo secretário-geral de uma nação em desenvolvimento para diversificar e aumentar sua legitimidade em um mundo cada vez mais polarizado.
RECONHECIMENTO
Em fala distribuída via assessoria da PF, o diretor-geral da corporação, Andrei Rodrigues, disse que a eleição de Urquiza representa o 'reconhecimento, pela comunidade internacional, não apenas da excelência do trabalho da Polícia Federal, como também do papel de liderança da nossa instituição no campo da cooperação policial internacional'.
'Com o crescimento da criminalidade transnacional, um problema que afeta todos os países do mundo, é fundamental a atuação conjunta e a troca de informações com outras polícias no mundo', afirmou.
Para o diretor-geral da PF, a escolha de um brasileiro para o posto representa também a 'elevação do patamar de inserção no nosso país no campo da política externa, sem perder de vista os efeitos práticos que serão vistos na segurança pública também no âmbito interno'.
Urquiza é desde 2021 vice-presidente da Interpol para as Américas e também já atuou como diretor-adjunto para Comunidades Vulneráveis da organização, entre 2018 e 2021.
(Edição de Alexandre Caverni e Pedro Fonseca)
Escrito por Reuters
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