Democratas e líderes comunitários em Michigan pedem voto “descomprometido” em primária do Estado

Por Andrea Shalal

WASHINGTON (Reuters) - Líderes comunitários e autoridades democratas eleitas pediram nesta terça-feira que eleitores do partido depositem um voto “descomprometido” nas primárias em Michigan no dia 27 de fevereiro para protestar contra o presidente Joe Biden, que não está pedindo um cessar-fogo aos ataques de Israel em Gaza.

A campanha “Ouça Michigan” quer encorajar democratas e eleitores independentes em Estados decisivos, com um número alto de moradores árabes e muçulmanos, a protestarem contra a maneira com que Biden está lidando com a crise no Oriente Médio.

Layla Elabed, líder comunitária palestina-americana e irmã mais jovem da deputada Rashida Tlaib, disse que esses esforços por enquanto estão focados nas primárias, ao contrário da campanha nacional 'Abandone Biden', que pede que os eleitores escolham “qualquer um menos Biden” na eleição geral de novembro.

Biden, cuja candidatura à indicação do Partido Democrata não está sendo seriamente desafiada, deve travar outra disputa com o ex-presidente republicano Donald Trump.

O prefeito de Dearborn, Abdullah Hammoud, se juntará à iniciativa, ao lado de líderes religiosos e outros líderes comunitários, disse ela. Hammoud e outros líderes árabe-americanos não foram a uma reunião no mês passado com o administrador da campanha de Biden, e exigiram diálogo sobre a política do governo, não sobre eleições.

A campanha de Biden não respondeu a um pedido por comentário sobre a nova iniciativa. Michigan é um dos sete Estados que sua campanha considera decisivos porque a preferência dos eleitores pode variar de um partido para o outro e determinar o resultado da eleição de novembro.

Biden visitou o Estado do Centro-Oeste na semana passada e recebeu uma promessa de apoio do crucial sindicato dos trabalhadores da indústria automotiva para sua campanha de reeleição, embora protestos por seu apoio às ações de Israel em Gaza tenham ofuscado a viagem.

O site da campanha “Ouça Michigan”, com gráficos nas cores da bandeira palestina, apresenta instruções detalhadas sobre como se registrar para a eleição e depositar um voto “descomprometido”.

O voto “descomprometido” foi usado pelo então candidato Barack Obama para ganhar embalo em Michigan em 2008, após democratas estaduais violarem as regras do Comitê Nacional Democrata ao mudarem as primárias do Estado no calendário da nomeação. Obama e outros democratas ficaram fora das cédulas.

Elabed, que disse ter votado em Biden em 2020, disse à Reuters que o objetivo da campanha é estimular um diálogo com ele, mas sublinhou que mesmo pedir um cessar-fogo e encerrar o auxílio militar a Israel não garantiriam os votos dos 80% dos democratas de Michigan que neste momento apoiam um cessar-fogo.

“Significa que podemos começar a ter uma conversa. Significa que podemos ter certa confiança de que... não estamos em segundo plano... que nossas queixas e nosso grito para acabar com o genocídio são ouvidos e levados a sério”.

O Tribunal Internacional de Justiça, decidindo um caso apresentado pela África do Sul no fim do mês passado, ordenou que Israel agisse para impedir atos de genocídio, mas não chegou a pedir um cessar-fogo imediato. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que a acusação de genocídio contra Israel era “ultrajante” e que faria o que fosse necessário para se defender.

Assessores de Biden disseram que um amplo cessar-fogo neste momento beneficiaria o Hamas, mas o governo cobrou mais interrupções limitadas aos combates para permitir a libertação de reféns tomados pelo Hamas e a distribuição de auxílio aos moradores de Gaza.

(Reportagem de Andrea Shalal)