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É muito provável que a fome seja iminente no norte de Gaza, dizem especialistas em segurança alimentar

Placeholder - loading - Palestinos esperam para receber comida de cozinha de caridade, em meio à crise de fome enquanto o conflito entre Israel e o Hamas continua, no norte da Faixa de Gaza 14/08/2024 REUTERS/Mahmoud Issa
Palestinos esperam para receber comida de cozinha de caridade, em meio à crise de fome enquanto o conflito entre Israel e o Hamas continua, no norte da Faixa de Gaza 14/08/2024 REUTERS/Mahmoud Issa

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Por Lena Masri e Michelle Nichols

LONDRES/NAÇÕES UNIDAS (Reuters) - Há uma 'forte probabilidade de que a fome esteja iminente em áreas' do norte da Faixa de Gaza, alertou um comitê de especialistas globais em segurança alimentar nesta sexta-feira, enquanto Israel realiza uma ofensiva militar contra o grupo militante palestino Hamas na área.

'É necessária uma ação imediata, dentro de dias e não semanas, de todos os atores que estão participando diretamente do conflito, ou que têm influência sobre sua conduta, para evitar e aliviar essa situação catastrófica', disse o Comitê de Revisão da Fome (FRC) independente em um raro alerta.

A advertência ocorre poucos dias antes do prazo dado pelos Estados Unidos para que Israel melhore a situação humanitária em Gaza ou enfrente possíveis restrições à ajuda militar dos EUA.

A missão de Israel nas Nações Unidas em Nova York não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

'Se nenhuma ação efetiva for tomada pelas partes interessadas com influência, a escala dessa catástrofe iminente provavelmente superará tudo o que vimos até agora na Faixa de Gaza desde 7 de outubro de 2023', disse o comitê do FRC.

O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários estima que ainda existam entre 75.000 e 95.000 pessoas no norte de Gaza.

O Comitê de Revisão da Fome disse que pode-se 'presumir que a fome, a desnutrição e o excesso de mortalidade devido à desnutrição e às doenças estão aumentando rapidamente' no norte de Gaza.

'Os limites da fome podem já ter sido ultrapassados ou o serão em um futuro próximo', afirmou a entidade.

Israel iniciou uma ampla ofensiva militar no norte de Gaza no mês passado. Os Estados Unidos afirmaram que estão observando para garantir que as ações de seu aliado no local mostrem que ele não tem uma 'política de fome' no norte.

O Comitê de Revisão da Fome analisa os resultados do monitor global da fome -- padrão reconhecido internacionalmente conhecido como Classificação Integrada da Fase de Segurança Alimentar (IPC).

O IPC define a fome como quando pelo menos 20% das pessoas em uma área estão sofrendo escassez extrema de alimentos, com pelo menos 30% das crianças gravemente desnutridas e duas pessoas em cada 10.000 morrendo diariamente de fome ou desnutrição e doenças.

O IPC é uma iniciativa que envolve agências da ONU, governos nacionais e grupos de ajuda que estabelece o padrão global de medição de crises alimentares.

O IPC alertou no mês passado que toda a Faixa de Gaza estava em risco de fome, enquanto as principais autoridades da ONU na última semana descreveram o norte da Faixa de Gaza como 'apocalíptico' e que todos lá estavam 'em risco iminente de morrer de doenças, fome e violência'.

A quantidade de ajuda que entra em Gaza despencou para o nível mais baixo em um ano, de acordo com dados da ONU, e a organização tem repetidamente acusado Israel de dificultar e bloquear as tentativas de entrega de ajuda, principalmente ao norte de Gaza.

No mês passado, o embaixador de Israel na ONU, Danny Danon, disse ao Conselho de Segurança que o problema em Gaza não era a falta de ajuda, afirmando que mais de um milhão de toneladas haviam sido entregues no ano passado. Ele acusou o Hamas de sequestrar a assistência.

O Hamas tem negado repetidamente as alegações israelenses de que estaria roubando a ajuda e diz que Israel é o culpado pela escassez.

'O número médio diário de caminhões que entraram em Gaza no final de outubro foi de cerca de 58 por dia', disse nesta sexta-feira Jean-Martin Bauer, diretor de segurança alimentar e análise nutricional do Programa Mundial de Alimentos da ONU, à Reuters.

'Estávamos recebendo cerca de 200 por dia em setembro e agosto, o que representa um declínio muito grande', acrescentou.

(Reportagem de Lena Masri e Michelle Nichols)

Escrito por Reuters

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