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Em busca do jornalista norte-americano Austin Tice, EUA partem de pista de 11 anos atrás

Placeholder - loading - O jornalista norte-americano Austin Tice em foto sem data REUTERS/via Família de Austin Tice
O jornalista norte-americano Austin Tice em foto sem data REUTERS/via Família de Austin Tice

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Por Erin Banco e Jonathan Landay

WASHINGTON (Reuters) - Nos primeiros dias de 2013, um homem norte-americano vestido com roupas esfarrapadas se esquivou entre casas nas ruas do sofisticado bairro de Mazzeh, em Damasco, à procura de um civil que o recebesse em segurança após mais de cinco meses de cativeiro nas celas de concreto de uma prisão local.

O homem, o jornalista Austin Tice, foi capturado durante viagem à Síria para fazer uma reportagem em agosto de 2012. Ex-fuzileiro naval, ele conseguiu escapar de sua cela, segundo uma autoridade atual, três ex-autoridades dos EUA e uma pessoa com conhecimento do ocorrido disseram à Reuters. Foi concedido anonimato a todos eles para que falassem livremente sobre informações de inteligência sensível dos EUA.

A fuga de Tice em 2013, publicada pela Reuters pela primeira vez, foi a primeira aparição pública do norte-americano após seu desaparecimento, disseram as autoridades.

Tice é foco agora de uma enorme busca após a destituição do presidente sírio Bashar al-Assad nesta semana, depois de 13 anos de guerra civil. Desde então, rebeldes liderados pelo grupo militante Hayat Tahrir al-Sham libertaram milhares de pessoas das prisões de Damasco, onde Assad mantinha opositores políticos, civis comuns e estrangeiros.

O norte-americano ainda não foi encontrado. Não há indícios confiáveis de seu paradeiro, mas também não há evidências claras de que ele esteja morto, segundo uma autoridade dos EUA.

Autoridades norte-americanas afirmam que a fuga de Tice da prisão em 2013, onde acreditava-se que era mantido por uma milícia pró-governo, é a evidência mais forte que o governo dos EUA tem para sugerir que forças leais a Assad prenderam Tice. Isso permitiu que, ao longo dos anos, autoridades norte-americanas pressionassem o governo de Assad diretamente sobre o assunto.

A Casa Branca se recusou a fornecer comentários para esta reportagem. A CIA, o Gabinete do Diretor de Inteligência Nacional e o FBI não responderam aos pedidos de comentários em um primeiro momento.

Quando Tice fugiu, ele foi visto vagando pela rua por pessoas que moravam no bairro de Mazzeh. Ele entrou na casa de uma conhecida família síria, cujo nome não está sendo divulgado por motivos de segurança, disse uma pessoa com conhecimento da fuga. Tice foi recapturado logo após sua fuga, segundo uma autoridade atual e outra anterior dos EUA.

As autoridades dos EUA acreditam que é provável que Tice tenha sido levado após sua fuga por forças que respondiam diretamente a Assad. Uma pessoa com conhecimento da fuga disse que Tice pode ter sido repassado entre várias agências de inteligência do governo nos anos seguintes.

Em 2016, o governo do ex-presidente Barack Obama recebeu outros indícios de que Tice havia sido levado a um hospital em Damasco para receber tratamento para uma doença desconhecida, no que seria sua segunda aparição da qual se tem conhecimento, disseram uma autoridade dos EUA e uma pessoa familiarizada com os indícios. Mas as atuais autoridades dos EUA não estão tão confiantes neste relato da forma que estão em relação a sua fuga de 2013.

Ao longo dos anos, a família de Tice -- que tem liderado a tentativa de encontrá-lo -- falou publicamente sobre sua frustração com o governo dos EUA, acusando-o de não priorizar a libertação de Tice. Os parentes estão reunidos em Washington na esperança de poderem comemorar sua liberdade em breve.

A família também negou um pedido de comentário.

'Acreditamos que ele está vivo. Acreditamos que podemos trazê-lo de volta, mas ainda não temos provas diretas disso', disse o presidente dos EUA, Joe Biden, no último domingo, alimentando otimismo sobre o destino de Tice.

Nos últimos 12 anos, agências dos EUA, incluindo o FBI, o Departamento de Estado e a CIA, reuniram milhares de indícios sobre Tice. A maioria é quase impossível de ser verificada.

(Reportagem de Erin Banco, em Nova York, e Jonathan Landay, em Washington)

Escrito por Reuters

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