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Em discurso desafiador, crítico do Kremlin compara seu julgamento com a União Soviética de Stalin

Placeholder - loading - Yulia Galyamina e Vladimir Kara-Murza colocam flores no local do assassinato do político da oposição russa Boris Nemtsov durante celebração do 6º aniversário da morte de Nemtsov, no centro de Moscou 2
Yulia Galyamina e Vladimir Kara-Murza colocam flores no local do assassinato do político da oposição russa Boris Nemtsov durante celebração do 6º aniversário da morte de Nemtsov, no centro de Moscou 2

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Por Andrew Osborn

MOSCOU (Reuters) - Enfrentando até um quarto de século de prisão por acusações de traição que ele nega, o crítico do Kremlin Vladimir Kara-Murza disse a um tribunal de Moscou nesta segunda-feira que seu julgamento lembrava um dos 'julgamentos-espetáculo' da era do líder Josef Stalin, na década de 1930, e disse que não fez nada de errado.

Kara-Murza, 41, pai de três filhos e ex-jornalista que possui passaportes russo e britânico, passou anos como político se opondo ao presidente russo, Vladimir Putin, e fez lobby junto a governos e instituições estrangeiras pela imposição de sanções à Rússia e a russos individualmente por supostas violações de direitos humanos.

Promotores russos pediram na quinta-feira uma sentença de 25 anos de prisão para Kara-Murza, que eles acusam de traição e de desacreditar os militares russos depois que ele criticou o que Moscou chama de 'operação militar especial' na Ucrânia.

Seu julgamento, que culminará em um veredito em 17 de abril, está sendo realizado a portas fechadas, mas uma cópia de seu discurso final ao tribunal na segunda-feira foi disponibilizada por sua esposa e advogado.

No discurso ele adotou um tom desafiador e se recusou a pedir ao tribunal que o absolvesse, afirmando que estava de pé e orgulhoso de tudo o que havia dito.

O ambiente atual, disse ele, não se parece tanto com os anos 1970 --um período em que o Estado enfrentou dissidentes soviéticos-- quanto com os anos 1930, quando Stalin conduziu uma série de julgamentos e expurgos de seus oponentes.

“Para mim, como historiador, isso é motivo de reflexão”, disse Kara-Murza. 'Os criminosos devem se arrepender do que fizeram. Eu, por outro lado, estou na prisão por minhas opiniões políticas. Também sei que chegará o dia em que a escuridão sobre nosso país se dissipará.'

(Reportagem de Andrew Osborn)

((Tradução Redação São Paulo)) REUTERS AC

Escrito por Reuters

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