Em julgamento de Trump, editor diz que enterrou reportagem de 'affair' para ajudar então candidato
Em julgamento de Trump, editor diz que enterrou reportagem de 'affair' para ajudar então candidato
Reuters
26/04/2024
Por Jack Queen e Jody Godoy e Andy Sullivan
NOVA YORK (Reuters) - O ex-editor do tabloide National Enquirer David Pecker testemunhou nesta sexta-feira no julgamento criminal do ex-presidente norte-americano Donald Trump e afirmou que enterrou a história sobre um suposto 'affair' para ajudar a campanha presidencial do político em 2016, mesmo que a história pudesse impulsionar as vendas do jornal.
Ao testemunhar pelo terceiro dia, Pecker, de 72 anos, concordou com um promotor que perguntou se teria sido como 'ouro para o National Enquirer' publicar a reportagem da ex-modelo da Playboy Karen McDougal, que alegava ter tido um caso com Trump entre 2006 e 2007.
Pecker afirmou que optou por não publicar a reportagem após pagar McDougal por ela, porque poderia prejudicar as chances do republicano de vencer a eleição presidencial contra a candidata democrata, Hillary Clinton.
'Você matou a reportagem para ajudar o candidato, Donald Trump?', perguntou o procurador Joshua Steinglass. Pecker respondeu que sim.
A indagação reforçou depoimentos anteriores, nos quais Pecker afirmou ter trabalhado com a campanha de Trump para esconder acusações de adultério quando o então candidato presidencial enfrentava críticas por suas condutas sexuais.
Pecker foi a primeira testemunha do caso no qual Trump, que tem 77 anos, é acusado de falsificar registros financeiros para encobrir um suposto pagamento para a atriz pornô Stormy Daniels.
O ex-editor afirmou que seu tabloide pagou para 'pegar e matar' duas reportagens e alertou Trump que Daniels também queria vender o relato de seu encontro sexual com o então candidato.
A defesa argumentou que o pagamento foi feito para poupar o constrangimento de sua família, e não para reforçar sua campanha. Trump nega que o encontro tenha ocorrido e se declarou inocente das acusações.
O advogado de Trump, Emil Bove, buscou minar a credibilidade do editor.
Bove perguntou a Pecker se ele havia testemunhado de forma imprecisa ao dizer que Trump o agradeceu, na Casa Branca, por ter lidado com as histórias negativas, o que entra em conflito com relatório anterior do FBI, quando ele disse que Trump não havia expressado gratidão.
Pecker afirmou que o relatório do FBI pode estar equivocado: 'Sei o que testemunhei e sei o que eu lembro', afirmou.
Trump é o primeiro ex-presidente a responder por acusações criminais. O julgamento, que deve se estender até maio, pode ser o único de seus quatro processos criminais a ser concluído antes de sua tentativa de revanche eleitoral em 5 de novembro com o presidente democrata Joe Biden.
(Reportagem de Jack Queen e Jody Godoy em Nova York e Andy Sullivan em Washington)
Reuters

