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Em recado a Lira, Padilha diz que Saúde não entra em negociação com partidos

Placeholder - loading - Ministro Alexandre Padilha  20/04/2023 REUTERS/Ueslei Marcelino
Ministro Alexandre Padilha 20/04/2023 REUTERS/Ueslei Marcelino

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Por Lisandra Paraguassu e Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) -O ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, aproveitou a situação da ministra do Turismo, Daniela Carneiro, que tem sua saída do cargo dada como certa, para mandar um recado ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL): o governo não tem intenção de mexer no Ministério da Saúde.

'Um debate diferente é o caso da Saúde', disse Padilha, referindo-se à situação de Daniela, em que o União Brasil, que a indicou, pediu o cargo. 'A ministra Nísia não é indicada de nenhum partido. O presidente Lula desde o início tomou a decisão de colocar na Saúde um quadro da saúde pública, sem filiação partidária. Não está em discussão, em relação à Saúde, a composição partidária', afirmou Padilha.

O presidente da Câmara tem feito chegar ao Planalto sua intenção de levar para o PP o Ministério da Saúde. De acordo com fontes tanto do Planalto quanto ligadas ao parlamentar, Lira não falou diretamente com o presidente sobre o desejo de ter um nome ligado ao PP no ministério, mas fez chegar diversos recados.

Até mesmo nomes já foram apontados: o da cardiologista Ludhmila Hajjar -- que chegou a ser indicada por Lira ao cargo durante o governo de Jair Bolsonaro, mas recusou o posto e terminou sendo uma relevante crítica ao ex-presidente -- e o do deputado federal licenciado Doutor Luizinho (PP-RJ), atual secretário de Saúde do Estado do Rio de Janeiro.

Oficialmente, Lira diz não ter pedido qualquer cargo ao presidente e nunca ter feito indicações para o ministério. Seus aliados, no entanto, admitem que o deputado está de olho sim na Saúde. 'O PP já ocupou o Ministério da Saúde, não é um pedido fora do normal', disse uma fonte próxima a Lira.

Lula, no entanto, não tem intenções de fazer mudanças no Ministério da Saúde. Tradicionalmente, em governos petistas, a pasta foi ocupada ou por nomes do partido, ou por técnicos. Depois de dois anos de pandemia e uma gestão desastrosa da área no governo de Jair Bolsonaro, Lula quer manter uma técnica na área sem conexão com partidos, disse uma fonte palaciana.

Lula recebeu Lira na tarde desta sexta-feira no Palácio da Alvorada para discutir a pauta de votações das próximas semanas, disse o presidente da Câmara em um tuíte após o encontro.

'À convite do presidente Lula estive no Palácio da Alvorada para discutirmos as pautas para o crescimento do país, especialmente a reforma tributária e a do Carf. Como o presidente viajará e eu também, ficaríamos cerca de 15 dias sem nos encontrarmos', afirmou.

'Tratamos do bom momento da economia brasileira, a intenção de trabalharmos juntos pelo país, e as recentes aprovações de matérias pela Câmara dos Deputados com esse objetivo.'

Em conversas com auxiliares próximos, Lula tem dito que há espaço para negociar com o PP e que a relação com Lira melhorou nos últimos dias, depois de um momento tenso em que o presidente da Câmara fez duras críticas à articulação do governo. A avaliação no Planalto é que será possível atrair parte dos votos do PP com cargos de segundo escalão, mas que importam para os parlamentares do partido.

Contudo, o grupo de Lira vai insistir em ocupar a Saúde ou uma espécie de combo de dois ou três ministérios menores que poderiam envolver, por exemplo, pastas como Portos, Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e Ciência e Tecnologia, disse uma segunda fonte ligada ao presidente da Câmara.

A avaliação, conforme essa fonte, é que o presidente da Câmara não aceita 'ser governo' -- isto é, colocando o peso político que tem e o cargo que ocupa -- por menos que um ministério do tamanho dos Transportes, que é ocupado por Renan Filho (MDB), ex-governador de Alagoas e senador licenciado que é filho do ex-presidente do Senado e senador Renan Calheiros (MDB-AL).

Renan pai, apoiador de Lula, é o principal adversário de Lira no Estado.

(Edição de Alexandre Caverni)

Escrito por Reuters

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