Empresário italiano é preso em Natal em investigação sobre rede mafiosa que teria movimentado US$ 550 mi
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ROMA (Reuters) - Um empresário italiano foi preso em Natal, capital do Rio Grande do Norte, como parte de uma investigação internacional sobre uma rede mafiosa acusada de movimentar aproximadamente 500 milhões de euros (550 milhões de dólares), informou a polícia financeira da Itália nesta terça-feira.
O homem, identificado como Giuseppe Bruno, enfrenta acusações que incluem extorsão, lavagem de dinheiro e cumplicidade externa em associação mafiosa, informou a polícia italiana em um comunicado.
A investigação revelou 'vestígios de investimentos substanciais de capital relacionado à máfia em empreendimentos comerciais e empresas', disse o comunicado.
Em comunicado, a Polícia Federal disse que a Operação Arancia visa desarticular uma rede de lavagem de dinheiro operacionalizada pela máfia italiana no Rio Grande do Norte.
'As evidências coletadas até o momento indicam que a máfia italiana utilizou empresas fantasmas e laranjas para facilitar a movimentação e a ocultação de fundos ilícitos, provenientes de atividades criminosas internacionais', disse a PF.
'Estima-se que o esquema tenha investido não menos que 300 milhões de reais (cerca de 55 milhões de euros) no Brasil, utilizando esses recursos para adquirir propriedades e infiltrar-se no mercado imobiliário e financeiro brasileiro. Segundo as autoridades italianas, entretanto, o valor total dos ativos investidos podem superar 500 milhões de euros, em valores atuais, mais de 3 bilhões de reais.'
Além da prisão, a PF também cumpriu cinco mandados de busca e apreensão, em três Estados: Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Piauí.
'Simultaneamente, a Direção Distrital Antimáfia de Palermo coordenou 21 buscas em várias regiões da Itália e na Suíça. Mais de 100 agentes financeiros italianos foram mobilizados, alguns dos quais encontram-se no Brasil, auxiliando o cumprimento dos mandados em Natal', disse a PF.
As investigações começaram em 2022 e envolveram agências policiais italianas, brasileiras e suíças.
Elas levaram à apreensão de bens no valor de 50 milhões de euros e a acusações contra 17 pessoas e 12 empresas imobiliárias, de construção e restauração nos três países.
O dinheiro do Brasil supostamente fluía, desde 2016, por meio de uma rede na Suíça, Hong Kong e Cingapura, para os bolsos de importantes famílias mafiosas afiliadas à Cosa Nostra, a máfia siciliana, de acordo com a polícia italiana.
(Reportagem de Alessandro Parodi, em Roma, e Eduardo Simões, em São Paulo)
Escrito por Reuters
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