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Energia contratada no mercado livre de longo prazo no Brasil cai 30% em 2022, diz CELA

Placeholder - loading - Linhas de transmissão de energia 11/10/2021 REUTERS/Cesar Olmedo
Linhas de transmissão de energia 11/10/2021 REUTERS/Cesar Olmedo

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Por Letícia Fucuchima

SÃO PAULO (Reuters) - O mercado livre de energia elétrica no Brasil encerrou o ano passado com um volume menor de energia negociada em contratos de longo prazo, com as transações sendo impactadas pelo cenário de preços mais baixos e custos mais altos para o lançamento de novos projetos de geração, segundo estudo da consultoria Clean Energy Latin America (CELA) divulgado nesta quinta-feira.

Conforme o estudo, foram negociados 516 megawatts médios (MWmédios) em contratos de energia de longo prazo, os chamados 'PPAs', em 2022, o que representa uma queda de 30% frente aos 735 MWmédios registrados no ano anterior.

A retração do mercado já era uma tendência perceptível desde meados do ano passado, quando geradores e consumidores passaram a assimilar um cenário diferente para o setor elétrico do que se apresentava em 2021, quando um 'boom' de novas contratações de longo prazo permitiu que empreendedores tirassem do papel vários novos parques renováveis.

O desaquecimento dos PPAs ocorre em meio às pressões baixistas de preços da energia, tanto no curto prazo, muito em razão da hidrologia favorável, quanto no médio e longo prazos, horizonte que sofre influência da sobreoferta de energia projetada para os próximos anos.

Além do cenário de preços, os geradores renováveis têm tido dificuldade de 'fechar a conta' para novos contratos devido ao aumento nas taxas de juros e à elevação dos custos com investimentos de implantação de projetos (Capex), seguindo a alta das commodities e outras questões na cadeia de suprimentos.

Embora o volume de energia negociada tenha sido menor em 2022, o estudo da CELA apontou uma quantidade maior de contratos fechados em 2022, de 15 PPAs em 2021 para 22.

'Percebemos, no último ano, uma maior aposta no mercado livre de projetos de autoprodução de energia, modalidade que viabilizou os PPAs ao longo 2022, inclusive em nova modalidade de autoprodução com arrendamento de usinas pela primeira vez', disse Camila Ramos, CEO da CELA, em nota.

A autoprodução tem sido muito visada por grandes consumidores de energia, como indústrias eletrointensivas. Uma das vantagens dessa modalidade é a isenção do pagamento de encargos --como a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) e encargos de Serviços do Sistema (ESS) e Energia de Reserva (EER)--, que têm peso relevante na conta final de energia dos consumidores.

MUDANÇA DE FOCO NAS GERADORAS

O cenário mais difícil para negociação de PPAs tem feito com que várias geradoras de energia elétrica busquem outras rotas de crescimento.

A Engie Brasil disse recentemente que deve segurar decisões sobre o desenvolvimento de novos projetos de geração e que, nesse momento, o crescimento de seu portfólio deverá ocorrer mais provavelmente por meio de aquisições.

No caso da AES Brasil, que desde 2021 vinha anunciando uma série de grandes PPAs de energia, a retração também foi sentida. Mas a companhia disse que sua área comercial segue bastante ativa, buscando oportunidades de fechar contratos.

Já a Omega Energia vem avançando com seus primeiros projetos de geração distribuída solar, ao mesmo tempo em que se prepara para se tornar uma importante geradora renovável nos Estados Unidos, onde começará neste ano a vender energia digitalmente a vários tipos de consumidores do Texas.

(Por Letícia Fucuchima)

Escrito por Reuters

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