Entrevista exclusiva: diretor e atores do filme "Destinos Opostos"
Novo longa-metragem nacional estreia nesta quinta-feira (3) nos cinemas de todo Brasil
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Cenários deslumbrantes, um enredo de tirar o fôlego e um elenco recheado de talentos da dramaturgia brasileira! Isso é o que esperamos de “Destinos Opostos”, novo longa-metragem nacional dirigido por Walther Neto, protagonizado por Breno de Filippo, com participação de Jackson Antunes e distribuição da Paris Filmes.
A obra chega às telonas de todo Brasil nesta quinta-feira (3). E, antes da estreia, o jornalismo da Antena 1 trabalhou à todo vapor para trazer a você uma entrevista exclusiva com o diretor e com os astros do filme. Confira:
Diretor: Walther Neto
1. A estreia de “Destinos Opostos” está cada vez mais próxima. Quais são as suas expectativas para o lançamento do longa? Como você imagina que o público receberá o filme?
Primeiramente, gostaria de agradecer pela oportunidade de falar sobre o filme e, também, queria agradecer muito ao Marcos Moraes, que é o produtor executivo do projeto, e à Paris Filmes, que estão com a gente na distribuição. Então, essa é a minha primeira fala aqui para deixar, porque sem eles a gente não consegue colocar um produto deste porte no ar. Então, as minhas expectativas com a estreia são grandes. “Destinos Opostos" é uma história brasileira, que se passa num Brasil pouco conhecido, que é o Pantanal, mas na essência é uma história universal, relações familiares, segredos e essa questão de resgatar a sua origem. Então, eu acredito que o público irá receber muito bem.
2. As gravações aconteceram tanto nos Estados Unidos como no Brasil, indo do Deserto do Arizona ao Jalapão. Depois de percorrer tantas paisagens surpreendentes, você consegue discorrer sobre um cenário favorito para gravação cinematográfica?
Em relação às gravações que foram feitas, trabalhamos em várias locações, o deserto do Arizona, a região do Jalapão, Las Vegas, São Paulo, Fortaleza e, depois, o Pantanal. As imagens são maravilhosas, a fotografia desses lugares é incrível. Agora, escolher um cenário favorito, não tem como, o Pantanal, ele nos encanta. O que eu busquei dentro do Pantanal foi justamente mostrar também essa diversidade do espaço, a quantidade de cenários, porque ele é enorme e tem várias regiões e com visuais completamente diferentes.
3. Existem também algumas cenas de ação... Quais foram os desafios de bastidores para fazer as captações de alto movimento dos Rallys 4x4?
As cenas no Rally dos Sertões são outra parte da produção bem difícil porque elas foram feitas em etapas diferentes, uma dentro do próprio rally, com ele acontecendo. Então o nosso tempo dentro do rally era extremamente apertado, porque eu não poderia alterar a prova. Então, algumas cenas, às vezes, a gente tinha 10 minutos para executar utilizando o carro, porque era carro de competição real, com pilotos reais, e eu tinha que seguir as regras, e os espaços de tempo eram muito pequenos. A gente fez algumas cenas de cobertura dentro do rally e depois nós fomos fazer as cenas de ações mais pesadas numa região do Jalapão, aí com as estradas fechadas, para que a gente pudesse ter uma performance real como acontece num rally. E para isso também foi muito importante os pilotos reais que puderam dirigir os carros, para que as cenas fossem o mais próximo possível do real.
4. Agora, sobre as temáticas do filme. “Destinos Opostos” traz um exemplo clássico de lutas que envolvem tradição e modernidade. Ao seu ver, por que é importante trazer histórias que retratem esse dilema? Como a cinegrafia reflete os conflitos internos dos personagens?
Sobre o dilema entre a tradição e a modernidade, o que a gente tenta trazer é que as duas podem conviver muito bem juntas. Você pode manter as suas tradições, mas trazer todos os elementos de modernidade para isso. E essa região, que é uma região de grande produção, a gente tenta mostrar, indiretamente, porque não é o foco total do filme, mas mostrar que você pode conviver com isso. Você pode viver com essas tradições e, ao mesmo tempo, ter um local extremamente capaz e com alta produtividade. E esse dilema, que é manter, voltar para as suas origens, ou vender tudo e continuar se expandindo, é um assunto que ainda tem muito espaço na cinematografia e que pode ser muito explorado porque ele navega em várias áreas, e principalmente aqui no Brasil você tem muito isso, em várias regiões.
5. Outro aspecto interessante do filme é a inclusão da diversidade da fauna e flora no Pantanal. O que mais te surpreendeu durante as gravações?
A fauna e a flora do Pantanal são maravilhosas, porque você vive dentro dela. Então, no filme, tem cenas onde aparece um jacaré, e isso é real porque você encontra jacarés no pasto. Aquele foi um dos jacarés que nós cruzamos. Às vezes saíamos para checar locações e encontrávamos um, dois, três, às vezes, porque era uma época realmente mais seca, onde você tinha essa migração. Então, a gente procurou utilizar assuntos reais que acontecem lá e que, às vezes, as pessoas acham que não existe. Mas, não, está lá, é real. A onça é outra coisa que faz parte do nosso ambiente, a gente ouvia constantemente. Teve dias que ela acabou pegando um bezerro ali próximo da gente, muito próximo, a menos de 200 metros da sede da fazenda. Nós fomos lá e vimos as carcaças. Então, ela está presente ali, os animais são presentes e aprender a conviver com eles é o mais importante. E em muitas das cenas, nós simplesmente interagimos com a natureza. É só olhar para algum lado e você vai achar uma vida. Do teu lado, na tua casa, quando você entra no banheiro, ela está em todos os lugares.
6. Somos uma rádio de música, então não poderíamos deixar de perguntar sobre a trilha sonora. O quanto importante foi para vocês o desenvolvimento da trilha sonora para esta trama? Como foi o processo de incorporar elementos pantaneiros nos arranjos?
Em relação à trilha sonora, a gente tinha o desafio de incorporar os elementos da cultura da região, a música, a viola, a viola caipira, e, ao mesmo tempo, em uma linguagem de cinema. Uma música que pudesse ter a sua linguagem de cinema. Então, a gente trabalhou muito, foram muitas horas dentro do estúdio, fazendo versões diferentes. Trabalhamos com músicos que nos ajudaram a chegar nessa sonoridade e, ao mesmo tempo, incorporar o elemento da orquestra e outros elementos dentro da trilha. A trilha sonora é dividida basicamente em três sessões. A primeira é internacional, com alguma pegada um pouquinho mais diferente. Depois o ambiente dentro do rally, com as suas características musicais, instrumentais, uso bastante também da guitarra, mas muito uso de percussão. Por fim, quando entra no Pantanal, a mudança é muito grande, inclusive com a composição de canções, as canções temas, as canções de personagens. Para isso a produção teve uma ajuda muito grande do Chico Teixeira, eu pude compor uma peça com ele, junto com o Bruno Araújo. Para mim, isso foi uma coisa bastante importante. E, dentro do filme, também nós tivemos a participação do Renato Teixeira e do Chico Teixeira. Dentro de uma das cenas, trazendo as suas canções, onde eles interpretam as canções deles, dois pequenos trechos. Então, foi uma forma de resgatar uma música bela e maravilhosa que a gente tem, que hoje, às vezes, não tem tanto espaço.
7. Além dos cenários norte-americanos, é possível detectar alguma influência de técnicas de gravação e linguagem hollywoodianas no longa? Ou ele mantém-se fiel às características do cinema nacional?
Em relação a essa influência hollywoodiana ou influência do cinema nacional, nós temos, obviamente, as características do cinema nacional. Mas eu tenho, sim, uma influência do cinema internacional, ou seja, da linguagem, independente se ela é hollywoodiana, se é europeia, que significa utilizar as ferramentas que você tem dentro da cinematografia para poder contar uma história, poder encantar, poder levar ao seu público uma história marcante e emocionante. Então, é preciso utilizar todos os elementos que temos à disposição para que isso aconteça. Então, o filme tem uma influência do universo do cinema e de toda a linguagem que o cinema tem. E, portanto, isso cria uma obra, que é a obra “Destinos Opostos”, que tem a característica dela, que os atores, os lugares, as locações, a movimentação de câmera e a trilha imprimiram nela. E isso se torna o cinema nacional, porque ele é feito no Brasil. E eu diria que o que o filme traz de diferente em relação ao que vem sendo produzido no Brasil é, primeiramente, sair do eixo Rio-São Paulo e tentar entrar no interior. Nós já tivemos vários filmes que fizeram isso, mas a gente está tentando colocar o núcleo fora do eixo Rio-São Paulo, produzindo em lugares diferentes e explorando essa beleza do Brasil para trazer mais diversidade na cinematografia. Ela acontece às vezes no mundo do entretenimento da novela, mas no cinema não é tão usual. O cinema acaba tendo muitas histórias focadas nesses dois centros. Porém, o Brasil é cheio de histórias, cidades, locais e paisagens maravilhosas. A equipe procurou justamente tentar mostrar um pouco dessa diversidade, dessa beleza que fica tão boa na tela. Então, acho que isso foi o que a gente tentou também se diferenciar dentro da linha da história também.
8. O filme retrata uma trama desenvolvida no pantanal. Em que sentido ele desperta um senso de brasilidade e identificação do público com o enredo?
Sobre a identificação com o tema, eu acho que é uma história que acontece com todo mundo, as questões familiares acontecem em todos os lares. Então acredito que existe uma identificação muito grande com o público, porque são relações pai e mãe, e também os amigos, a infância, as escolhas. Acaba retratando algo que está no nosso dia a dia. Mesmo estando ambientado numa região maravilhosa, que é o Pantanal, a história em si é universal. Independente das histórias e dos segredos, da forma que os filhos são criados, como você conduz a sua relação de amizade, eu acho que todos vão conseguir se identificar.
9. Se você precisasse escolher um momento do set de filmagem que mais te marcou, qual seria?
Tem dois momentos no set que me marcaram muito. O primeiro foram as cenas de chegada ao ápice do conflito, onde muitas das histórias são reveladas. Foi um momento tenso para todos os atores, para conseguir chegar nesse ápice emocional, em cenas difíceis de produzir, de estar lá e acompanhar. E eu diria que outro momento marcante e desafiador foi uma cena feita na cheia, porque precisávamos da cheia do Pantanal e, também, de muito gado. Só que isso tinha suas dificuldades e seus perigos. Foi muito difícil porque foram três dias construindo a cena, gravando pouquinho para conseguir ajustar. Eram mais de 400 cabeças de gado e gado não é ator, eles fazem o que querem, não o que a gente quer. E ai os atores tinham que se moldar a isso. Também dependíamos da cheia para poder passar a realidade da situação: como eles passam por lá, como é durante a cheia, como deslocar o gado. Então, essas foram situações que nos marcaram muito, por toda a beleza e por toda a dificuldade e tensão de se construir uma cera dessa magnitude.
Breno de Filippo
1. Breno, como foi o processo de preparação para interpretar o Tony?
Para mim, o processo de preparação de todo personagem começa por uma pesquisa, então ele se assemelha muito, é a forma que eu faço. Faço uma pesquisa das origens, o que não tem a gente tenta construir e criar uma verdade, um subtexto para isso, para a gente depois se apoderar dessa história. Procurei entender um pouco mais sobre o universo de um milionário e empresário bem sucedido e, também, um pouco do universo pantaneiro, porque depois na metade da história ela se passa no Pantanal e ele é fazendeiro, então é interessante que ele conheça pouco mais desse universo. Isso tudo é no âmbito, de certa forma, objetivo e a partir daí a gente vai construindo as emoções. Então as descobertas em relação ao personagem e os relacionamentos que ele tem, vão me dar suporte para construir esse arco emocional dele e assim como os episódios que vão ocorrendo no decorrer da trama com ele. Então tem esse lado emocional e tem também o lado físico técnico porque ele também é piloto de rali.
2. Além da imersão na cultura do Pantanal, você também passou por um curso de pilotagem 4X4? O que mais te desafiou durante essas imersões?
Na verdade não é um 4x4, porque hoje em dia existem milhares de carros 4x4. É um carro de rali, de 400 cavalos, uma potência absurda e, também, um risco absurdo porque são veículos que fazem 170, 200 km por hora na terra. No primeiro momento, eu andei muito com os motoristas, participei de etapas dos Sertões para entender como que o carro funcionava e como manusear, porque tem a questão da marcha que é diferente de um carro comum, assim como a potência, se você traciona demais acaba rodando nas curvas e gerando risco. Outro ponto super delicado foi a roupa, a indumentária do piloto. É um macacão bem quente, com uma camisa por baixo, a balaclava para proteger do incêndio, o capacete, a luva e o áudio, já que o capacete é microfonado. Então, depois de certo momento, eu só consigo falar com o navegador, com quem está do meu lado, eu não consigo falar com mais ninguém do lado de fora do carro, principalmente depois que o carro tá ligado, então é muito difícil você entender as instruções e cumprir elas, porque você não tá ouvindo, você só vê gestos, então você deduz muita coisa. E, claro, tem o calor, a gente estava no jalapão, a 50 graus, eu não tenho dúvidas que dentro do carro eu devia fazer uns 60, o ar condicionado desse carro que nós usamos não funciona em baixa rotação, então realmente foi uma experiência bem desafiadora e bem legal, uma bela aventura.
3. Tony é um personagem ambicioso, mas se encontrou numa luta entre o antigo e o novo. De onde você tirou inspiração para representar as nuances peculiares dessa jornada?
A inspiração maior eu busco em mim, nos meus pais, na minha família. Eu acho que a ambição não é um demérito, é uma virtude, você tem que trabalhar ela de forma positiva. E o Tony é assim, tanto que ele é um cara super bem-sucedido, isso não tem relação com o caráter dele, e sim com a forma que ele lida com os negócios e com a vida. E aí entra o outro setor, a outra questão dele voltar ao passado. E ele busca resgatar, não o poder, mas sim as suas origens, para curar a ferida que ele tem. Ele não abre mão da ambição dele, mas ele reflete sobre o quanto vale a ambição em relação à nossa história, às nossas raízes, aos amores que a gente constrói ao longo da vida, à família. E tem também algumas outras nuances que a gente tira da própria experiência. A arte imita a vida, a vida imita a arte. Coincidentemente, no período de filmagens, eu tive a perda da minha mãe e o personagem lida com isso também em determinado momento da história. Então, nesse caso, eu usei meu exemplo. A minha perda, a minha dor, o amor que eu tinha pela minha mãe, coincidentemente na história e na vida, elas falassem da mesma doença ou passassem por situações semelhantes. Nessas horas que a gente até empresta pouco da nossa vida para o personagem.
Jackson Antunes
1. Jackson, o que foi mais marcante no processo de preparação para viver o Jacinto? Superou algum desafio nesse processo?
Um desafio do Jacinto foi montar a cavalo, porque a natureza do cavalo muda sempre. Então, é um mistério, tem que ter muito amor pelo animal para ele devolver amor também. Outro desafio foi filmar no Pantanal, porque, quando tem sol, é bem quente e muito forte, quando chove, chove muito, então você precisa se adaptar àquela mudança repentina do tempo. E, de forma geral, todo personagem é um grande desafio, é um grande mistério, você tem que ir acessando aos poucos, com muito amor, com muito carinho, para se tornar personagem vivo daquele local e dentro do filme.
2. Você já tem experiência atuando com cavalos. Como foi voltar a atuar diante da natureza, próximo aos animais e à mata?
É maravilhoso porque a minha vida toda foi passada no interior, então eu me senti voltando para casa, aprendendo cada vez mais com os peões locais, as histórias de vida deles, e o berrante, porque eu não tenho conhecimento do berrante, então foi uma convivência maravilhosa. E isso fica perceptível no filme, que ficou maravilhoso.
3. E, agora que o filme vai estrear, trabalho concluído... Como foi a experiência de interpretar Jacinto?
Quando você termina um filme, tudo que você sentiu volta de forma redobrada. São muitos sentimentos e emoções vendo o filme pronto, porque você lembra de todas as preparações, de toda a dificuldade que foi desenvolver aquele personagem tão intenso, tão difícil. Você fala: “Caramba, conseguimos, é maravilhoso”. Aí você chega à conclusão que é o trabalho mais perfeito de equipe que existe no mundo. Tem ali a contribuição de cada um dos colegas, dos diretores, do trabalho de arte, da preparadora de personagens, é muito bacana. Viva o cinema brasileiro!
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Escrito por Redação Antena 1
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