Ex-presidente do Chile Sebastián Piñera morre em acidente de helicóptero
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Por Natalia A. Ramos Miranda e Anthony Esposito
SANTIAGO (Reuters) - O ex-presidente do Chile Sebastián Piñera morreu em um acidente de helicóptero nesta terça-feira no sul do país, informaram o gabinete do ex-mandatário e o atual governo chileno.
Piñera, de 74 anos, cumpriu dois mandatos à frente do Executivo do país, de 2010 a 2014 e de 2018 a 2022.
“É com profundo pesar que anunciamos a morte do ex-presidente da República do Chile Sebastián Piñera Echenique”, afirmou o gabinete do ex-governante em comunicado.
“Na tarde desta terça-feira, 6 de fevereiro de 2024, o ex-presidente sofreu um acidente aéreo na região de Los Ríos”, acrescentou.
A atual ministra do Interior do Chile, Carolina Tohá, confirmou a morte de Piñera e anunciou que o presidente Gabriel Boric ordenou a realização de um funeral de Estado e luto nacional.
“Havia quatro tripulantes no helicóptero. Três deles conseguiram (chegar) à costa por conta própria, estão fora de perigo. Mas este não foi o caso do quarto tripulante, que era o ex-presidente Sebastián Piñera”, afirmou Tohá.
“Há poucos momentos tivemos a confirmação dos Carabineros que nos disseram que a Marinha conseguiu chegar ao local do acidente e recuperar o corpo do ex-presidente Piñera”, acrescentou.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva expressou suas condolências em uma mensagem na plataforma de rede social X. 'Surpreso e triste com a morte de Sebastián Piñera, ex-presidente do Chile. Convivemos, trabalhamos pelo fortalecimento da relação dos nossos países e sempre tivemos um bom diálogo, quando ambos éramos presidentes, e também quando não éramos. Muito triste seu falecimento de forma tão abrupta. Meus sentimentos aos seus familiares e amigos de Piñera por esta perda', afirmou.
Piñera, que também era um empresário de sucesso, supervisionou um rápido crescimento econômico e uma queda acentuada no desemprego durante a sua primeira passagem pela Presidência, numa altura em que muitos dos parceiros comerciais e vizinhos do Chile enfrentavam um crescimento mais lento.
O seu segundo mandato foi marcado por protestos violentos contra a desigualdade que levaram a acusações de violações dos direitos humanos e terminaram com a promessa do governo de redigir uma nova Constituição.
O ex-presidente também supervisionou a resposta do país à pandemia de Covid-19, que incluiu uma das taxas de vacinação mais rápidas do mundo.
Um dos pontos altos de seu primeiro governo, frequentemente elogiado pelo próprio Piñera, foi o resgate espetacular, em 2010, de 33 mineiros que ficaram presos no deserto do Atacama. O evento se tornou uma sensação na mídia global e foi tema de um filme de 2014, “Os 33”.
FORTUNA COM CARTÕES DE CRÉDITO
Filho de um proeminente político centrista, Piñera era um economista formado em Harvard que fez fortuna introduzindo cartões de crédito no Chile na década de 1980.
Ele também foi o principal acionista da maior companhia aérea do país, a antiga LAN; do time de futebol local Colo-Colo e de uma estação de televisão, embora tenha vendido a maior parte dessas participações quando assumiu a Presidência em março de 2010.
Em 2024, ele foi classificado como número 1.176 na lista global dos mais ricos do mundo feita pela Forbes, com um patrimônio líquido de 2,7 bilhões de dólares.
Conhecido por ter uma personalidade competitiva, um amigo descreveu Piñera como alguém que poderia ser um valentão, relutante em delegar responsabilidades.
Ele também era aventureiro, pilotava seu próprio helicóptero e gostava de mergulhar em alto mar.
Concorrendo às eleições presidenciais depois de um período como senador de centro-direita, ele cortejou os eleitores moderados ao retratar-se como o líder de uma nova direita e um empresário que fez fortuna com trabalho árduo.
Ao mesmo tempo, distanciou-se do governo do general Augusto Pinochet (1973 e 1990), quando mais de 3.000 pessoas foram mortas ou “desapareceram”.
Ele perdeu sua primeira tentativa de chegar ao cargo principal em 2005 para a popular candidata de centro-esquerda Michelle Bachelet, mas ela foi impedida constitucionalmente de concorrer a um segundo mandato consecutivo e em 2009 ele derrotou o ex-presidente Eduardo Frei por uma pequena margem.
Isso pôs fim ao governo de 20 anos da centro-esquerda e afastou as amargas memórias da sangrenta ditadura de Pinochet, que feriu a direita nas eleições anteriores.
No entanto, a sua lua de mel com o eleitorado durou pouco e os seus modos rígidos contrastaram com os da mais amável Bachelet, que o precedeu e sucedeu como presidente.
Apesar dos elogios ao desempenho econômico do seu governo, muitos chilenos sentiram que ele não fez o suficiente para combater a profunda desigualdade ou resolver as carências no sistema educacional do país.
Piñera era casado com Cecilia Morel, com quem teve quatro filhos.
(Reportagem Redação Santiago)
Escrito por Reuters
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