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Exportações brasileiras para Argentina caem 25% em meio a ajuste de Milei e dificuldade na relação dos países

Placeholder - loading - Presidente da Argentina, Javier Milei, na cúpula do G20 no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro 19/11/2024 REUTERS/Pilar Olivares
Presidente da Argentina, Javier Milei, na cúpula do G20 no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro 19/11/2024 REUTERS/Pilar Olivares

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Por Lisandra Paraguassu

MONTEVIDÉU (Reuters) - O Mercosul inicia nesta quinta-feira sua 65ª cúpula com Brasil e Argentina, as principais economias do bloco, em lados opostos, com uma relação difícil que vem se refletindo em uma queda de comércio e divergências claras em vários temas, mesmo que ambos tenham chega a um consenso sobre o acordo comercial com a União Europeia, que pode ser finalmente concluído.

Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços do Brasil (MDIC) mostram que entre janeiro e outubro deste ano a Argentina comprou 24,8% menos produtos brasileiros que no mesmo período do ano passado, enquanto o Brasil aumentou a importação em 9,7%.

A balança comercial brasileira com o vizinho ainda se mantém positiva, mas caiu de 4,75 bilhões de dólares para 69 milhões de dólares no mesmo período.

A embaixadora Gisela Padovan, secretária para América Latina e Caribe do Itamaraty, credita a queda ao ajuste fiscal feito pelo governo do presidente argentino, Javier Milei.

'Eu não estou preparada para comentar em detalhes a economia argentina, mas é a única explicação. De uma hora para outra você tem uma queda deste tamanho. O que mudou este ano? Entrou um novo governo que promoveu um ajuste bastante forte e tem implicações infelizmente negativas para nós', disse a embaixadora em entrevista sobre a cúpula do Mercosul, que será realizada na quinta e na sexta em Montevidéu.

Em 2023, o Brasil teve um superávit em torno de 6 bilhões de dólares com os países do Mercosul, segundo a embaixadora, enquanto este ano o resultado ficou mais equilibrado. Somente entre Brasil e Argentina, a corrente comercial entre os dois países caiu 10,8 bilhões de dólares, segundo os dados do MDIC.

'O equilíbrio é o desejável, mas com mais comércio, e não menos, como está acontecendo', afirmou a embaixadora.

Não há novas barreiras comerciais internas que tenham levado à queda no comércio entre Brasil e Argentina, mas há uma dificuldade de relação que não facilita a resolução de eventuais problemas ou um exercício ativo para melhorar o comércio.

Esta será, por exemplo, a primeira cúpula do Mercosul que Milei irá comparecer. No ano passado, durante o encontro do bloco em em Assunção, o argentino preferiu viajar a Camboriú (SC) para participar do encontro de líderes de direita Conferência Política de Ação Conservadora (CPAC), onde se reuniu com o ex-presidente Jair Bolsonaro. Foi a primeira vez que um presidente dos quatro países fundadores do Mercosul -- Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai -- faltou a uma cúpula do bloco por iniciativa própria.

O presidente argentino tem criticado o Mercosul e chegou a ameaçar tirar a Argentina. Ele quer fazer acordos comerciais com outros países por fora do bloco, mas a possibilidade de o acordo com a União Europeia avançar segurou o argentino.

Os quatro membros fundadores do Mercosul declararam estar de acordo com os atuais termos do muito aguardado acordo de livre comércio com a UE e agora esperam que o bloco europeu concorde com os termos delineados após negociações de última hora para que o acordo seja concluído, disseram à Reuters nesta quarta-feira duas fontes que acompanham as negociações.

Escrito por Reuters

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