Facções rivais desafiam cessar-fogo para bombardear capital do Sudão; Japão planeja retirar cidadãos
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Por Khalid Abdelaziz e Nafisa Eltahir
CARTUM (Reuters) - Ataques aéreos e explosões atingiram a capital do Sudão nesta quarta-feira após o fracasso de um cessar-fogo mediado pelos Estados Unidos entre o Exército e as forças paramilitares, forçando moradores a permanecerem isolados e levando o Japão a se preparar para retirar seus cidadãos do país.
Bombardeios contínuos e fortes explosões podiam ser ouvidos no centro de Cartum, na área ao redor do complexo do Ministério da Defesa e do aeroporto, que tem sido ferozmente disputado e ficado sem operações desde o início dos combates no fim de semana.
Potências estrangeiras, incluindo os Estados Unidos, têm pressionado por um cessar-fogo entre o Exército e as paramilitares Forças de Apoio Rápido (RSF) para permitir que os moradores presos pelos combates obtenham ajuda e suprimentos desesperadamente necessários.
Pelo menos 270 pessoas morreram e 2.600 ficaram feridas nos combates, disse a Organização Mundial da Saúde (OMS), citando o Ministério da Saúde do Sudão.
Ambos os lados concordaram com o cessar-fogo a partir das 18h na terça-feira, mas os disparos continuaram inabaláveis e o Exército e a RSF emitiram declarações acusando-se mutuamente de não respeitar a trégua.
O alto comando do Exército disse que suas operações estão em andamento para proteger a capital e outras regiões.
Uma moradora da periferia leste de Cartum disse que combates intensos recomeçaram cedo nesta quarta-feira, após ataques aéreos e disparos de artilharia perto de sua casa na terça-feira.
'Não conseguimos dormir, o único silêncio foi das 3h às 5h da manhã', afirmou ela.
O secretário-chefe do gabinete do Japão disse que as autoridades planejam usar um avião de suas Forças de Autodefesa para retirar cerca de 60 cidadãos japoneses atualmente no Sudão, em coordenação com outros países.
Desde a manhã de sábado, e pela primeira vez em décadas, intensos combates têm ocorrido na capital do Sudão, uma grande metrópole de cerca de 5,5 milhões de habitantes, com outros milhões vivendo nas cidades irmãs Omdurman e Bahri, que ficam do outro lado dos Nilos Branco e Azul.
A luta prejudicou o mais recente plano apoiado internacionalmente para uma transição para uma democracia civil, quatro anos após a queda do autocrata islâmico Omar al-Bashir e dois anos após um golpe militar.
A violência corre o risco de atrair atores da vizinhança do Sudão que apoiam diferentes facções e também pode envolver na competição a Rússia e os Estados Unidos pela influência regional.
Escrito por Reuters
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