Governo polonês diz que não impedirá perdão de ex-ministros, enquanto milhares de pessoas protestam
Publicada em
Por Marek Strzelecki e Justyna Pawlak
VARSÓVIA (Reuters) - O governo da Polônia não ficará no caminho para impedir um perdão presidencial a dois ex-ministros presos, disse um membro da administração, enquanto milhares de pessoas marchavam por Varsóvia para protestar contra a detenção e as reformas dos meios de comunicação estatais.
A prisão do ex-ministro do Interior, Mariusz Kaminski, e de seu vice, Maciej Wasik, ocorreu após um ataque ao palácio presidencial aumentar as tensões entre o chefe de Estado, um aliado do partido nacionalista Lei e Justiça (PiS), que perdeu o poder no ano passado, e o novo governo.
O presidente polonês, Andrzej Duda, disse nesta quinta-feira que iniciou um processo de indulto para os dois ex-ministros presos nesta semana por abuso de poder.
'Se forem legalmente perdoados, é claro que ninguém se irá se opor', disse à Reuters Tomasz Siemoniak, coordenador dos serviços especiais da Polônia e membro do gabinete.
'Os tribunais decidem, e esses condenados não são diferentes de milhares de outros condenados todos os meses na Polônia.'
As complicações jurídicas em torno do caso de Kaminski e Wasik revelaram o que alguns advogados consideram ser o caos no sistema judicial, com estruturas paralelas de juízes nomeados ao abrigo do que os críticos dizem ser um sistema politizado sob o PiS e os anteriormente nomeados.
O antigo governo do PiS introduziu reformas que, segundo críticos, minaram a independência dos tribunais e desorganizaram o sistema judicial.
O novo governo do premiê Tusk tenta desfazer essas reformas para desbloquear milhares de milhões de fundos congelados pela União Europeia em reação às políticas do último governo.
Milhares de apoiadores da oposição reuniram-se nos arredores do parlamento da Polônia nesta quinta-feira para protestar contra mudanças do novo governo na imprensa estatal e a prisão de dois ex-ministros condenados por abuso de poder.
A marcha reflete as crescentes tensões no país, com o novo governo da coalizão pró-União Europeia liderado por Donald Tusk tentando desfazer políticas da administração anterior do partido nacionalista Lei e Justiça (PiS).
A declaração de Duda, aliado do PiS, nesta quinta-feira de que teria iniciado os procedimentos para perdoar os dois ministros do antigo governo intensificou o impasse com a nova administração.
“Temos que vencer esta grande batalha por uma Polônia soberana e independente”, disse o líder do PiS, Jaroslaw Kaczynski, à multidão.
Um mar de bandeiras vermelhas e brancas da Polônia estendeu-se a partir do Parlamento, intercaladas por cartazes com frases como “Tusk=5ª Coluna” e “Sobrevivemos aos russos, sobreviveremos a Tusk”. Alguns cantaram o nome de Duda e “Nós vamos vencer!”.
Segundo a agência de notícias estatal PAP, a partir de informações da prefeitura de Varsóvia, 35 mil pessoas participaram do protesto, enquanto um porta-voz do PiS colocou o número em quase 200.000.
(Reportagem de Anna Koper, Kuba Stezycki, Marek Strzelecki, Justyna Pawlak, Pawel Florkiewicz)
Escrito por Reuters
SALA DE BATE PAPO