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Bandeira vermelha na conta de luz pressiona IPCA em outubro e taxa em 12 meses supera teto da meta

Placeholder - loading - Linhas de transmissão conectadas a uma subestação de energia 24/01/2017  REUTERS/Jon Nazca
Linhas de transmissão conectadas a uma subestação de energia 24/01/2017 REUTERS/Jon Nazca

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Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier

SÃO PAULO (Reuters) - A inflação voltou a acelerar no Brasil em outubro e ficou acima do esperado conforme os preços da energia elétrica e da carne continuaram pesando, o que levou a taxa em 12 meses ao maior nível em um ano e acima do teto da meta em meio a expectativas de que a alta dos preços irá superar o objetivo este ano.

Em outubro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve alta de 0,56%, depois de subir 0,44% em setembro, ficando acima da expectativa em pesquisa da Reuters de 0,53% para o mês.

A leitura divulgada nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) levou a taxa acumulada em 12 meses até outubro a um avanço de 4,76%, de 4,42% no mês anterior.

Isso deixa o IPCA acima do teto da meta para este ano, definida como 3,0% com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos, e marca o resultado mais elevado nessa base de comparação desde outubro do ano passado (4,82%)

Pesquisa Focus divulgada pelo Banco Central na segunda-feira mostrou que a expectativa para a alta do IPCA ao fim de 2024 é de 4,59%.

Na quarta, o BC decidiu acelerar o ritmo de aperto nos juros ao elevar a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, a 11,25% ao ano, sem deixar claro o que fará na reunião de dezembro.

Com as expectativas do mercado para a inflação desancoradas, o BC piorou sua projeção em relação a setembro, com a estimativa passando de 4,3% para 4,6% em 2024. O presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, já havia dito que a desancoragem das expectativas à frente preocupa muito.

'Qualitativamente, ... há sinais claros de piora nas leituras mais recentes. Muitas das medidas subjacentes têm se estabilizado em níveis acima da meta. Além disso, as expectativas para a inflação futura continuam sendo um dos principais desafios. Diante disso, do ponto de vista da política monetária, o Copom deve manter o ritmo e optar por uma alta de 0,50 ponto percentual na Selic na reunião de dezembro, com viés de alta', disse em nota Igor Cadilhac, economista do PicPay.

ENERGIA E CARNES

O IBGE informou que em outubro tanto Habitação quanto Alimentação e Bebidas exerceram os maiores impactos, com altas respectivamente de 1,49% e 1,06%.

Entre os subitens, o maior impacto foi exercido pela energia elétrica residencial, depois de um aumento de 4,74% no mês devido à bandeira tarifária vermelha patamar 2, que traz a mais alta cobrança adicional na conta de luz, em meio a uma queda no nível dos reservatórios de hidrelétricas durante o período seco à época.

Para novembro, os custos da energia devem moderar, uma vez que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou que a bandeira tarifária para o mês será amarela, de custo menor, devido a uma melhora das condições de geração de energia no país.

Já o aumento de preços na alimentação no domicílio chegou a 1,22% em outubro, com alta de 5,81% nos preços das carnes em geral - acém (9,09%), costela (7,40%), contrafilé (6,07%) e alcatra (5,79%). Essa foi a maior variação mensal das carnes desde novembro de 2020 (+6,54%).

'Essa alta está ligada a questões climáticas, com seca mais intensa, o que reduz o pasto e a produção. Além disso, houve menor abate e maior exportação de carnes. A oferta está mais restrita ainda', disse André Almeida, gerente do IPCA.

'O câmbio é uma variável que também influencia o mercado e, no caso das carnes, tem havido um incremento das exportações, e o câmbio pode estar influenciando a decisão de vender mais lá para fora', completou.

A única queda registrada em outubro veio de Transportes, com recuo de 0,38%, influenciado principalmente pela queda de 11,50% nos preços das passagens aéreas.

A inflação de serviços, ponto de preocupação com a renda em alta, continuou sendo fator de pressão e passou a subir 0,35% em outubro, de 0,15% no mês anterior, acumulando em 12 meses alta de 4,57%, em um ambiente de mercado de trabalho aquecido.

'Lembrando que o BC menciona com frequência a preocupação com a inflação de serviços, não há dúvidas de que a divulgação de hoje acende uma luz amarela na autoridade monetária', disse Helena Veronese, Economista-Chefe B.Side Investimentos.

'Adicionalmente, o fato de a inflação acumulada em 12 meses ter ultrapassado o teto da meta pela primeira vez também deve ter especial atenção do BC'.

O índice de difusão, que mostra o espalhamento das variações de preços, teve em outubro alta a 62%, de 56% em setembro.

Escrito por Reuters

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