Irlanda votará sobre remoção de referências 'sexistas' às mulheres na Constituição
Publicada em
Por Padraic Halpin e Clodagh Kilcoyne
DUBLIN (Reuters) - A Irlanda votará na sexta-feira, o Dia Internacional da Mulher, para substituir as referências em sua Constituição sobre a importância da 'vida dentro do lar' para a mulher, a mais recente tentativa de atualizar seu documento fundador de 1937.
Embora as mudanças sociais no país, que já foi profundamente católico, tenham estimulado a remoção das proibições do aborto e do casamento entre pessoas do mesmo sexo, a Constituição contém uma cláusula que reconhece 'que, por sua vida dentro do lar, a mulher dá ao Estado um apoio sem o qual o bem comum não pode ser alcançado'.
O primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, tem promovido a votação, realizada intencionalmente no Dia Internacional da Mulher, como uma chance de eliminar uma 'linguagem muito antiquada e muito sexista sobre as mulheres'.
Ainda assim, alguns ativistas e grupos de defesa de deficientes têm se oposto à proposta do governo de substituir a redação por uma linguagem que reconheça o cuidado dentro das famílias, por não colocar um ônus legal maior sobre o Estado para apoiar aqueles que dão ou recebem cuidados.
'O lugar da mulher é onde ela quiser, e nada menos do que isso é aceitável em nossa Constituição', disse Orla O'Connor, diretora do Conselho Nacional das Mulheres da Irlanda, enquanto pedia um voto 'sim' no centro de Dublin na quarta-feira.
Uma segunda cláusula que deverá ser substituída diz que o Estado 'deve se esforçar para garantir que as mães não sejam obrigadas, por necessidade econômica, a se envolverem no trabalho, negligenciando seus deveres no lar'.
De fato, até 1973, mulheres solteiras eram obrigadas a se demitir de seus empregos ao se casarem, e as casadas eram impedidas de se candidatar a vagas.
Pesquisas de opinião uma semana antes da votação sugeriram que uma clara maioria apoiaria a proposta e uma segunda que amplia a definição de família na Constituição para reconhecer 'relacionamentos duradouros', como casais que coabitam e seus filhos.
Entretanto, a campanha que parece não estar engajando o eleitorado corre o risco de um baixo comparecimento, o que no passado já aumentou a proporção de pessoas que votaram pelo status quo.
Escrito por Reuters
SALA DE BATE PAPO