Itaú vê possibilidade de continuar com ROE acima de 20%, diz CEO
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SÃO PAULO (Reuters) - O Itaú Unibanco deve continuar trabalhando com o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) acima de 20%, afirmou nesta quarta-feira o presidente-executivo do maior banco brasileiro, Milton Maluhy Filho, citando conforto com a dinâmica de todas as linhas de negócios.
'A gente disse é que a gente trabalharia com o ROE acima de 20%, e é nesse patamar a gente acha que é possível continuar trabalhando... naturalmente sujeito a desafios de todas as naturezas', disse Maluhy Filho, em entrevista coletiva após a divulgação do resultado trimestral na véspera.
'A gente continua bastante confortável com a dinâmica de todas as linhas de negócios do banco', acrescentou.
Na noite de terça-feira, o Itaú Unibanco reportou um lucro líquido recorrente de 10 bilhões de reais para o segundo trimestre, alta de 15,2% em relação ao mesmo período do ano passado, com o balanço mostrando melhora na margem financeira e na rentabilidade.
O retorno recorrente gerencial anualizado sobre o patrimônio líquido médio consolidado do maior banco brasileiro em ativos totalizou 22,4%, de 20,9% um ano antes e 21,9% no primeiro trimestre de 2024. O ROE Brasil ficou em 23,6%.
Maluhy Filho explicou que o ROE tem uma relação não só com o resultado que o banco vem conseguindo entregar, mas com o nível de capitalização, com o segundo trimestre encerrando com um índice de Capital principal de 13,1%.
O executivo explicou que esse patamar está acima do apetite a risco definido pelo conselho do banco de 11,5% e que se houvesse um ajuste a isso a operação de Brasil estaria rodando com um ROE de 25,7%. 'De fato, foi um trimestre muito forte em rentabilidade', destacou.
Entre os incumbentes que já reportaram seus números, o Bradesco divulgou um ROE de 11,4% para o segundo trimestre, enquanto o Santander Brasil mostrou um retorno de 15,5%. O Banco do Brasil divulgará seus dados nesta quarta-feira, após o fechamento do mercado.
DIVIDENDOS
Com base nas informações atuais, Maluhy Filho afirmou que 'certamente' o banco pagará dividendo extraordinário relativo ao resultado deste ano.
'A gente continua bastante positivo com esse dividendo extraordinário de novo, sempre preservando o capital do banco para que ele esteja a serviço dos nossos clientes, do crescimento orgânico e inorgânico do banco', disse.
Para o exercício do ano passado, o Itaú pagou 21,5 bilhões de reais em juros sobre capital próprio e dividendos, sendo que desse total 11 bilhões de reais representaram dividendos adicionais.
CRÉDITO
O presidente-executivo do Itaú também afirmou que o banco não antevê nenhuma razão para mudar ou recalibrar o apetite de risco para crédito, tanto no varejo como no atacado, mas ressaltou que permanece 'vigilante'.
'A gente não antevê nenhuma razão para não continuar crescendo a carteira de crédito, sempre olhando as informações disponíveis do mercado', disse, acrescentando que não são apenas dados macroeconômicas, mas também sobre a qualidade da saúde financeira dos clientes.
Ele observou que o comprometimento de renda e a alavancagem das famílias continuam em um patamar alto, 'então todo crescimento tem que ser feito com muito cuidado'.
No final do segundo trimestre, a carteira de crédito do Itaú somou 1,25 trilhão de reais, 8,9% acima do mesmo período de 2023, com expansão de 3,2% em pessoa física, 12,5% em micro, pequenas e médias empresas e de 16,3% em grandes empresas. Na base trimestral, a carteira total aumentou 5,9%.
O custo do crédito somou 8,812 bilhões de reais, queda de 6,7% ano a ano e estável ante o primeiro trimestre (+0,2%). O índice de inadimplência acima de 90 dias ficou em 2,7%, também estável na base trimestral, mas abaixo dos 3% de um ano antes.
De acordo com o diretor de Relações com Investidores e Inteligência de Mercado do banco, Renato Lulia, a inadimplência está 'absolutamente sob controle', com um percentual que é um dos menores da série histórica do banco. 'Nós estamos bastante confortáveis com o cenário para a frente', acrescentou.
Das carteiras, Lulia, afirmou que o resultado do trimestre marca um ponto de inflexão no segmento de cartões, que pode já ter um crescimento a partir do próximo trimestre. No período de abril a junho, essa carteira mostrou estabilidade na base trimestral, a 130,9 bilhões de reais, com alta de 2% ano a ano.
EXTERIOR
O presidente-executivo do Itaú afirmou que o banco ainda vê muita oportunidade de fortalecer a operação no Brasil, enquanto algumas questões, sendo a tributária uma das mais relevantes, afeta a competitividade em outros mercados fora do país
'A gente continua muito satisfeito com a evolução dos nossos bancos, com a operação como um todo, todos eles performando muito bem, mas a gente não antevê nenhum movimento relevante fora do Brasil, a não ser melhorias incrementais do nosso ecossistema onde a gente está inserido', afirmou.
(Por Paula Arend Laier)
Escrito por Reuters
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