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Jockey Club de São Paulo pode se tornar parque público

Projeto de Lei 639/2022 aguarda a segunda votação em plenário, antes da sanção do Prefeito

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Para os paulistas que frequentam a região dos bairros Morumbi, Itaim Bibi, Butantã e Cidade Jardim, o Jockey Club faz parte de um cenário familiar. O Club é parte integrante da história da cidade. Sua fundação se deu em 14 de março de 1875, com o nome de Club de Corridas Paulistano.

Por enquanto, o seu espaço de 586 mil metros quadrados continua sendo palco de corridas de cavalos, encontros de empresários e famílias como clube social, e de realização de eventos privados, culturais e musicais.

Jockey Club/divulgação
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Mas, as finalidades de uso do Jockey Club podem tomar um novo rumo e o local ser acessível à toda população. Em novembro de 2022, foi introduzido na Câmara Municipal de São Paulo o Projeto de Lei 639/2022, de autoria do vereador e presidente do órgão Milton Leite (UNIÃO) e do vereador Rodrigo Goulart (PSD), que visa a desapropriação do Jockey Club em prol da criação de um parque público.

Dívidas trabalhistas

Desde 2017, a gestão do clube está nas mãos de Benjamin Steinbruch, que também é presidente da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). O empresário assumiu o cargo consciente de que o Jockey Club havia contraído dívidas milionárias no decorrer dos últimos anos.

Benjamin Steinbruch/divulgação
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O terreno deve mais de R$ 313 milhões por não ter pago o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). Segundo dados do Cadastro da Dívida Ativa do paulistano, também possui uma multa de R$ 111 mil reais acionada pelo PROCON. Por fim, o Tribunal Regional do Trabalho da 2ª região registra alguns processos judiciais.

Ainda assim, Steinbruch questionou os débitos em entrevista ao jornal Valor Econômico. Ele argumentou que o clube deveria estar isento do imposto assim como outros clubes esportivos e hipódromos de outros estados. Além disso, adicionou que o JCSP não recebeu indenizações por terrenos tombados.

Na verdade, ele afirmou que o Jockey tem mais créditos do que dívidas. Mais especificamente, R$ 30 milhões de reais de saldo positivo com a prefeitura, mas as negociações não alcançaram uma conclusão.

Projeto de Lei 639/2022

Diante deste cenário, em novembro do ano passado foi protocolado na Câmara Municipal de São Paulo o Projeto de Lei 639/2022, de autoria do vereador e presidente do órgão Milton Leite (UNIÃO) e do vereador Rodrigo Goulart (PSD).

De acordo com o documento, a transformação do Jockey Club em parque vai “valorizar os atributos históricos e paisagísticos do hipódromo, além de adequá-lo às dinâmicas contemporâneas da cidade, permitindo novas atividades, maior utilização do equipamento por parte da população e uma maior integração com a cidade”.

Rede Câmara/divulgação
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Em 12 de dezembro, a Comissão de Política Urbana, Metropolitana e Meio-Ambiente promoveu uma audiência pública em que os sócios do Jockey se posicionaram contra o projeto. Marcelo Motta, vice-presidente do clube, reforçou que a entrada ao local já é gratuita. “Recebemos com muita surpresa e indignação esse Projeto de Lei, porque se a alegação é para construir um parque lá já é um parque, os portões ficam abertos para receber o público em geral”.

Motta também relembrou a indenização não recebida pela desapropriação de um terreno na Chácara Ferreira, há aproximadamente dez anos. “Até hoje não fizeram do local um parque e até hoje a área está subutilizada. Ainda não nos pagaram o valor, que na época, era de R$ 200 milhões”.

O diretor-executivo do Hipódromo, José Carlos Pires, pontuou que a desapropriação do estabelecimento traria prejuízos econômicos. De acordo com o executivo, a indústria do turfe em São Paulo é responsável por 5 mil empregos diretos e 20 mil empregos indiretos.

No final de dezembro, o Projeto de Lei 639/2022 foi aprovado em primeira discussão. Na tarde desta segunda-feira (26), a equipe de jornalismo da Antena 1 entrou em contato com a assessoria de imprensa da Câmara Municipal de São Paulo, e o órgão afirmou que, por enquanto, não há previsão de data para que o PL seja submetido à segunda votação em plenário.

Revisão do Plano Diretor Estratégico de São Paulo aguarda sanção do Executivo

Na noite desta segunda-feira (26), a Câmara Municipal aprovou a Revisão do Plano Diretor Estratégico. Com 44 votos a favor e 11 contrários, o documento revisou a lei municipal que orienta o crescimento urbano da cidade. Para ser colocado em prática, o dispositivo deve ser promulgado pelo Prefeito Ricardo Nunes. 

Câmara Municipal/divulgação
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Um dos pontos principais do PD é o incentivo à moradia em áreas com infraestrutura. Isso significa que edifícios mais altos poderão ser construídos, agora, em um raio de 700 metros de estações de trem e metrô e 400 metros de pontos de ônibus. 

Além de facilitar a verticalização em áreas próximas ao transporte público, o texto também prevê a criação de 18 novos parques na capital. Um deles é o Jockey Club.

A reapropriação do hipódromo já havia sido discutida anteriormente com a prefeitura. Mas, em 2021, por exemplo, não foi concretizada devido aos altos custos de manutenção de novos espaços públicos.

A equipe de jornalismo da Antena 1 irá acompanhar os desdobramentos do Projeto de Lei 639/2022 em plenário e também a implementação do Plano Diretor Estratégico de São Paulo.

A história do Jockey Club

A relação dos brasileiros com o turfe é antiga, precedendo até mesmo a Proclamação da República. O primeiro Jockey Club de São Paulo foi fundado em 1875 pelo jovem Raphael Paes de Barros em conjunto com Antônio da Silva Prado. Chamado de ‘Club de Corridas Paulistano’, estava localizado na Mooca, na rua Bresser. Lá foi onde a cidade recebeu sua primeira corrida oficial entre dois equinos inscritos, em outubro do ano seguinte.

A mudança para a Avenida Lineu de Paula Machado se deu algumas décadas depois, em uma tentativa de modernizar o espaço e abrigar um público maior. Inaugurado em 1941, o estabelecimento ressurgiu como o Hipódromo de Cidade Jardim.

Jockey Club/divulgação
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Antes do deslocamento, a prefeitura pretendia trazer o hipódromo para onde fica hoje o Ginásio do Ibirapuera, mas as negociações foram interrompidas pelas revoluções de 1930 e 1932. Dessa forma, Fábio Prado, na época presidente do clube e prefeito de São Paulo, conseguiu um terreno de 600 mil metros quadrados no Morumbi.

Escrito por Hadass Leventhal

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