Johnson diz que Reino Unido será duro com a China em reação à lei de segurança de Hong Kong
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Por Andy Bruce e William James
LONDRES (Reuters) - O Reino Unido suspenderá nesta segunda-feira seu tratado de extradição com Hong Kong, uma escalada de sua disputa com a China devido à adoção de uma lei de segurança nacional para a ex-colônia britânica, noticiaram jornais.
O secretário das Relações Exteriores britânico, Dominic Raab, que no domingo acusou a China de violações de direitos humanos graves, anunciará a suspensão do tratado no Parlamento, disseram os jornais Times e Daily Telegraph citando fontes.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse que as mudanças serão anunciadas ainda nesta segunda-feira para refletir as preocupações com a lei de segurança, mas não especificou quais mudanças.
'Temos que ter uma reação calibrada, e seremos duros com algumas coisas, mas também continuaremos a nos envolver', disse Johnson aos repórteres.
Raab deve discursar no Parlamento às 14h30 locais (10h30 em Brasília).
Em Pequim, indagado sobre a suposta suspensão dos arranjos de extradição, o porta-voz da chancelaria chinesa, Wang Wenbin, fez um apelo ao Reino Unido para que 'pare de seguir adiante no caminho errado'.
Qualquer decisão sobre as extradições seria mais um prego no caixão do que o então premiê britânico David Cameron qualificou em 2015 como uma 'era de ouro' nos laços com a China, a segunda maior economia do mundo.
Mas Londres ficou chocada com a repressão em Hong Kong, que voltou ao controle chinês em 1997, e com a percepção de que a China não disse toda a verdade a respeito do surto de coronavírus ao mundo.
Na semana passada, Johnson ordenou que os equipamentos da Huawei Technologies sejam completamente excluídos da rede 5G de seu país até o final de 2027.
A China acusa o Reino Unido de bajular os Estados Unidos. Já o Reino Unido diz que a nova lei de segurança viola as garantias de liberdade, incluindo um Judiciário independente, que ajudam a manter Hong Kong como um dos pólos comerciais e financeiros mais importantes do mundo desde 1997.
Autoridades de Hong Kong e de Pequim disseram que a lei é vital para preencher brechas nas defesas de segurança nacional expostas por protestos pró-democracia e anti-China recentes. A China vem pedindo a potências ocidentais para pararem de interferir nos assuntos de Hong Kong.
No domingo, o embaixador chinês para o Reino Unido alertou para uma reação dura se Londres tentar punir qualquer uma de suas autoridades, como alguns parlamentares do Partido Conservador exigem.
'Se o governo do Reino Unido chegar ao ponto de impor sanções a qualquer indivíduo da China, a China certamente adotará uma reação resoluta a isso', disse Liu Xiaoming no Andrew Marr Show da rede BBC.
(Por Andy Bruce e William James em Londres e Aakriti Bhala em Bengaluru)
Escrito por Reuters
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