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Lula diz que forma de resolver 'briga' na Venezuela passa pela apresentação de atas eleitorais

Placeholder - loading - Presidente Luiz Inácio Lula da Silva  22/07/2024 REUTERS/Andressa Anholete
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva 22/07/2024 REUTERS/Andressa Anholete

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Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) -O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira que para 'resolver a briga' sobre as eleições na Venezuela é preciso que as autoridades locais apresentem as atas de votação, e reiterou essa posição em telefonema com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, sobre a crise venezuelana.

Em sua primeira manifestação pública sobre o impasse eleitoral venezuelano desde a eleição de domingo, Lula afirmou, em entrevista a uma emissora afiliada da TV Globo no Mato Grosso, que 'é normal que tenha uma briga' após as eleições.

'Como resolve essa briga? Apresenta a ata. Se a ata tiver dúvida entre a oposição e a situação, a oposição entra com um recurso e vai esperar na Justiça. E vai ter uma decisão, que a gente tem que acatar. Eu estou convencido que é um processo normal, tranquilo', disse Lula, de acordo com trecho da entrevista publicado pelo canal a cabo GloboNews.

O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano anunciou que Maduro venceu a eleição de domingo com 51% dos votos, mas a oposição, que considera que o órgão eleitoral está no bolso de um governo ditatorial, diz que os 80% da contagem de votos aos quais teve acesso mostram que o seu candidato, Edmundo González, recebeu mais do que o dobro dos votos que Maduro.

Apesar de declarar a vitória da situação, o CNE ainda não apresentou as atas da votação, no que vem sendo cobrado por diversos países -- entre eles Brasil, Estados Unidos e Colômbia.

'Na hora que tiver apresentado as atas, e for consagrado que a ata é verdadeira, todos nós temos a obrigação de reconhecer o resultado eleitoral da Venezuela', disse Lula na entrevista.

'Há uma proposta que está sendo feito que Brasil, Colômbia e México assinassem uma nota conjunta. Acho que não é necessário muita coisa. O presidente Maduro sabe perfeitamente bem que quanto mais transparência houver mais chance de tranquilidade para governar a Venezuela ele terá', acrescentou.

Na tarde desta terça, Lula conversou por cerca de 30 minutos com Biden sobre a situação na Venezuela. Ele reiterou a posição do Brasil de que é essencial o acesso às atas de votação para que se aceite o resultado, de acordo com um comunicado do governo brasileiro sobre a conversa. Uma fonte havia antecipado à Reuters o conteúdo da conversa.

No telefonema, marcado a partir de um pedido da Casa Branca, Lula contou a Biden sobre as conversas que seu assessor especial, embaixador Celso Amorim, teve em Caracas com o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e com o candidato da oposição, Edmundo González.

'Lula reiterou que é fundamental a publicação das atas eleitorais do pleito ocorrido no último domingo. Biden concordou com a importância das divulgações das atas', disse o governo brasileiro.

Enviado por Lula a Caracas, Amorim teve reuniões com Maduro e González na segunda-feira. A Maduro, Amorim pediu que as atas das mesas de votação sejam divulgadas, e recebeu a promessa de que o serão 'em breve', de acordo com fontes ouvidas pela Reuters.

O presidente venezuelano atribuiu o atraso a um suposto 'ataque hacker' ao sistema eleitoral venezuelano. A acusação foi repetida por Maduro em seu primeiro discurso depois de ter sido declarado reeleito, afirmando que o sistema recebeu um 'ataque massivo' vindo de outro país.

Na conversa com González, o candidato opositor reforçou sua versão de que a oposição tem provas de que venceu as eleições.

Amorim chegou de volta ao Brasil nesta terça e deve se reunir com Lula na quarta-feira. O embaixador tem avaliado que a situação no país é 'difícil' e o Brasil tem que atuar com cautela para poder ter espaço e construir uma solução pacífica.

Protestos eclodiram na Venezuela desde a votação, enquanto os Estados Unidos e vários líderes latino-americanos rejeitaram os resultados ou disseram que é necessária maior transparência.

(Edição de Pedro Fonseca)

Escrito por Reuters

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