Mandetta afirma em entrevista que fica até acharem alguém para assumir ministério
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(Reuters) - O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, admitiu em entrevista publicada no site da revista Veja, na noite de quarta-feira, que deixará o governo do presidente Jair Bolsonaro e disse que permanecerá no cargo até que seja escolhido um sucessor para comandar a pasta em meio à pandemia do coronavírus.
'Fico até encontrarem uma pessoa para assumir meu lugar', disse Mandetta à Veja. 'São 60 dias nessa batalha. Isso cansa!', acrescentou, segundo o site da revista.
'Sessenta dias tendo de medir palavras. Você conversa hoje, a pessoa entende, diz que concorda, depois muda de ideia e fala tudo diferente. Você vai, conversa, parece que está tudo acertado e, em seguida, o camarada muda o discurso de novo. Já chega, né? Já ajudamos bastante', afirmou, sem citar Bolsonaro.
Mandetta tem estado em atrito constante com Bolsonaro por divergência na estratégia de contenção da disseminação do Covid-19, doença respiratória provocada pelo coronavírus. Enquanto o ministro defende o isolamento social, em consonância com a orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS), o presidente defende que apenas os integrantes do grupo de risco sejam isolados e que os demais voltem ao trabalho.
Na tarde de quarta-feira, na entrevista de apresentação dos dados mais recentes da epidemia de coronavírus no Palácio do Planalto, Mandetta deixou claro que sabe da busca do Planalto por um nome para sucedê-lo. O ministro falou também sobre o pedido de saída do secretário de Vigilância em Saúde feito pela manhã, que rejeitou.
'Estamos aqui eu, Wanderson (de Oliveira, secretário de Vigilância em Saúde) e Gabbardo (João, secretário-executivo). Entramos no ministério juntos, estamos no ministério juntos e sairemos do ministério juntos. Vamos trabalhar juntos até o momento de sairmos juntos do Ministério da Saúde', afirmou o ministro ao iniciar a apresentação.
As orientações do ministério têm sido desafiadas por Bolsonaro, que circulou por Brasília e cidades do entorno, causando aglomerações na maioria das vezes. O presidente e assessores próximos publicam essas saídas nas redes sociais em uma crítica ao distanciamento social defendido pela pasta da Saúde.
(Por Eduardo Simões, em São Paulo)
Escrito por Reuters
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