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Marina diz que parte do Congresso desrespeita as urnas e governo está em dificuldades

Placeholder - loading - Ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva 22/03/2023 REUTERS/Adriano Machado
Ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva 22/03/2023 REUTERS/Adriano Machado

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(Reuters) - A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, disse nesta quinta-feira que parte do Congresso Nacional não aceita a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas urnas e tem oferecido resistências às iniciativas do governo para colocar em prática sua agenda, impedindo que o Executivo modifique a estrutura de gestão do governo anterior.

As declarações da ministra, concedidas em entrevista à GloboNews, ocorrem em um momento em que o Congresso Nacional analisa medida provisória editada por Lula criando ministérios para áreas consideradas estratégicas, como a do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas, entre outros. A MP teve seu parecer aprovado na quarta-feira em comissão mista, mas com uma série de modificações, que no caso do Meio Ambiente, esvaziam as prerrogativas da pasta.

'Nesse momento, todos estão passando pela dificuldade dessa postura de parte do Congresso de não respeitar a vontade soberana das urnas que mudou o governo', disse a ministra, para quem o Executivo tem a autonomia para organizar sua gestão, da mesma forma que foi concedida tal liberdade a governos anteriores.

'Tem uma parte dos bolsonarista que querem fazer da gestão do governo do presidente Lula o que seria uma estrutura bolsonarista', acrescentou.

A ministra comentou ainda a reunião convocada pelo presidente para uma reunião na sexta-feira com outros ministros para discutir o que chamou de 'situação bastante complexa', à medida em que o governo ainda se esforça para consolidar uma base aliada no Parlamento.

'O fato de o presidente chamar essa reunião é porque, claro, ele está preocupado em preservar o seu governo', disse.

'Ele ganhou uma eleição, ele pensou em um modelo de gestão, ele apresentou uma medida provisória com uma configuração. De repente ele vê ameaçados 14 ministérios de caírem, caso a medida provisória caduque', acrescentou a ministra.

A medida perde a validade em 1º de junho caso não tenha sua tramitação concluída nas duas Casas do Congresso. Ela ainda precisa ser analisada pelos plenários da Câmara e do Senado.

Para Marina, não é apenas a estrutura da gestão do governo Lula que está em risco. Também estão ameaçadas a democracia e as políticas de meio ambiente e direitos humanos, além da visão de mundo que saiu vitoriosa das urnas.

'Nesse momento nos estamos vendo ser ameaçada, continua sendo ameaçada, a democracia. Está ameaçada a política de meio ambiente, esta ameaçada a política de direitos humanos, está ameaçada a forma como a sociedade brasileira na sua maioria decidiu derrotar o Bolsonaro e implementar uma outra forma', afirmou.

A solução, avaliou, passa por oferecer resistência e implementar a agenda do governo. Há um esforço dentro do Executivo, no entanto, de atuar por uma 'redução de danos' e de trabalhar em várias frentes de diálogo para ampliar a base no Congresso, ponderou Marina.

No caso das investidas do Congresso para esvaziar o poder do MMA, a ministra considera que parte delas tem a intenção de 'retaliar' o governo por ter preservado as funções e atividades do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

O Ibama rejeitou recentemente pedido da Petrobras para explorar petróleo na Foz do rio Amazonas, em uma decisão que irritou parlamentares do Amapá, entre eles o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues, que se desfiliou da Rede Sustentabilidade, partido fundado por Marina.

Marina voltou a dizer que a decisão seguiu critérios técnicos e negou que tenha havido qualquer reunião com Lula que tivesse o objetivo de influenciar a decisão sobre o caso.

(Reportagem de Maria Carolina Marcello, em Brasília)

Escrito por Reuters

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