Ministério da Economia vê faturamento cair em 39 de 41 setores no Brasil por Covid-19
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Por Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) - O congelamento das atividades por conta do isolamento social adotado para combater o surto do coronavírus fez o faturamento de 39 de 41 setores no Brasil recuar, atingindo com mais força serviços de alojamento (-90%), transporte aéreo (-79%) e fabricação de veículos automotores (-74%), conforme levantamento interno do Ministério da Economia visto pela Reuters.
Os dados, que consideraram vendas fechadas de meados de março até 21 de abril, foram compilados pela Secretaria Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade e constam em estudo preparado por técnicos da equipe de Paulo Guedes para uma estratégia de retomada baseada em investimentos privados em infraestrutura.
O documento aponta 'certo consenso' quanto ao fato de que a recuperação da economia não será em 'V', dificilmente voltando ao patamar anterior à crise no curto prazo.
'As ações econômicas tomadas pelo governo federal visam garantir a subsistência das famílias mais pobres e manter as relações empresariais e trabalhistas ativas enquanto a interrupção das atividades impede a geração de renda', diz o estudo.
'Entretanto, é esperado que o retorno dessas atividades não possa ocorrer em sua plenitude, em virtude das medidas de contenção da transmissão do vírus que poderão perdurar.'
De acordo com o levantamento, apenas dois setores viram o faturamento subir no período: saúde privada (+23%) e indústria extrativa (+11), categoria que engloba mineração, petróleo e gás (exceto refino) e florestal.
Houve queda superior a 30% no faturamento para 22 dos setores analisados, incluindo transporte de passageiros (-66%), serviços de alimentação (-45%), energia elétrica (-42%) e comércio de combustíveis e lubrificantes (-34%).
Outros 17 tiveram uma perda variando de 6% a 26%, inclusive alguns que tiveram permissão para seguir operando normalmente desde o começo da pandemia, como agropecuária (-16%) e comércio não especializado, que abarca hipermercados e supermercados (-10%).
Os números refletem o desafio para a economia em 2020 diante da interrupção sem precedentes na demanda por bens e serviços. Oficialmente, a expectativa para o Produto Interno Bruto (PIB) ainda é de alta de 0,02% no ano, mas integrantes do time econômico reconhecem que o número irá para o terreno negativo em revisão que será publicada em breve, ainda neste mês.
Na pesquisa Focus conduzida pelo Banco Central com dezenas de economistas, a projeção mais recente é de uma contração de 3,76% do PIB neste ano.
Veja abaixo os dados do Ministério da Economia para os 41 setores:
Serviços de alojamento -90%
Transporte aéreo -79%
Fabricação de veículos -74%
automotores
Transporte de passageiros -66%
Fabricação de têxteis, -63%
vestuário e calçados
Fabricação de móveis -51%
Comércio de veículos, peças e -49%
motocicletas
Comércio de Tecidos, artigos de -48%
armarinho, vestuário e calçados
Outras atividades de serviços -47%
Fabricação de produtos -45%
eletrônicos, de informática e
elétricos
Serviços de alimentação -45%
Outros serviços de -44%
telecomunicações e informações
Água e saneamento -43%
Energia elétrica -42%
Fabricação de máquinas e -35%
equipamentos, instalações e
manutenções
Comércio de outros produtos em -35%
lojas especializadas
Comércio de Combustíveis e -34%
lubrificantes
Educação (privada) -32%
Fabricação de produtos de -32%
borracha e de material plástico
Fabricação de produtos -31%
diversos, impressões e
gravações
Refino do petróleo e produção -30%
de biocombustíveis
Comércio de artigos usados -30%
Outros Transportes e serviços -26%
auxiliares
Fabricação de produtos minerais -26%
não metálicos e produtos de
metal
Construção -25%
Transporte de cargas -22%
Serviços de manutenção e -19%
reparação
Serviços profissionais, -17%
administrativos e
complementares
Comércio por atacado -17%
Agropecuária -16%
Telecomunicações -15%
Comércio de Produtos -14%
alimentícios, bebidas e fumo
Atividades financeiras -14%
Fabricação de produtos químicos -11%
Comércio não especializado -10%
(hiper, super alimentos)
Fabricação de produtos de -10%
madeira, papel e celulose
Fabricação de produtos -6%
farmoquímicos e farmacêuticos
Fabricação de alimentos, -6%
bebidas e fumo
Tecnologia da informação -6%
Indústrias extrativas 11%
Saúde (privada) 23%
Escrito por Reuters
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