Total de mortes nas enchentes da Espanha sobe para 158, um dos piores desastres de tempestade da Europa
Publicada em
Atualizada em
Por David Latona
VALÊNCIA/GODELLETA, Espanha (Reuters) - O número de mortos em decorrência das devastadoras enchentes no leste da Espanha subiu para 158 nesta quinta-feira, com as equipes de resgate ainda procurando desaparecidos no que pode se tornar o pior desastre relacionado a tempestades na Europa em mais de cinco décadas.
'Há um total de 158 pessoas, às quais devem ser adicionadas dezenas e dezenas de desaparecidos', disse Ángel Víctor Torres, ministro responsável pela cooperação com as regiões da Espanha, em uma coletiva de imprensa.
Meteorologistas disseram que a chuva de um ano caiu em oito horas em partes de Valência na terça-feira.
Políticos da oposição acusaram o governo central de Madri de agir muito lentamente para alertar os moradores e enviar equipes de resgate, o que levou o Ministério do Interior a dizer que as autoridades regionais são responsáveis pelas medidas de proteção civil.
A tragédia já é o pior desastre relacionado a enchentes na história moderna da Espanha, e os meteorologistas dizem que a mudança climática causada pelo homem está tornando esses eventos climáticos extremos mais frequentes e destrutivos.
Em 2021, pelo menos 185 pessoas morreram em uma forte enchente na Alemanha. Antes disso, 209 pessoas morreram na Romênia em 1970 e as enchentes em Portugal em 1967 mataram quase 500 pessoas.
As equipes de resgate encontraram nesta quinta-feira os corpos de oito pessoas, incluindo um policial local, que ficaram presos em uma garagem nos arredores da cidade de Valência, disse a prefeita Maria Jose Catala aos repórteres.
No mesmo bairro de La Torre, disse ela, uma mulher de 45 anos também foi encontrada morta em sua casa.
'Essas pessoas não teriam morrido se tivessem sido avisadas a tempo', afirmou à Reuters Laura Villaescusa, uma vizinha e gerente de um supermercado local.
As enchentes prejudicaram a infraestrutura de Valência, varrendo pontes, estradas e trilhos de trem e submergindo terras agrícolas em uma região que produz cerca de dois terços das frutas cítricas cultivadas na Espanha, um dos principais exportadores mundiais de laranjas.
Milhares de pessoas carregando sacolas ou empurrando carrinhos de compras puderam ser vistas nesta quinta-feira atravessando uma ponte de pedestres sobre o rio Turia, de La Torre até o centro da cidade de Valência, para estocar suprimentos essenciais, como papel higiênico e água.
Maribel Albalat, prefeita da cidade vizinha de Paiporta, disse que eles nunca receberam um aviso sobre o perigo iminente de inundação. Segundo ela, 62 pessoas morreram na cidade.
Cerca de 80 km de estradas na região leste foram seriamente danificadas ou ficaram intransitáveis, disse o ministro dos Transportes, Oscar Puente. Muitas estavam bloqueadas por carros abandonados.
'Infelizmente, há cadáveres em alguns veículos', declarou Puente aos repórteres, acrescentando que levaria de duas a três semanas para restabelecer a conexão de trem de alta velocidade entre Valência e Madri.
Em visita a um centro de coordenação de resgate próximo à cidade de Valência, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, pediu que as pessoas fiquem em casa devido à ameaça de mais tempestades.
'Neste momento, o mais importante é proteger o maior número possível de vidas', afirmou ele aos repórteres.
(Reportagem de David Latona, Emma Pinedo e Inti Landauro; reportagem adicional de Pietro Lombardi)
Escrito por Reuters
SALA DE BATE PAPO