ONU diz que crimes de guerra foram cometidos por ambos os lados do conflito entre Israel e Hamas

Por Nafisa Eltahir

CAIRO (Reuters) - O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos disse nesta quarta-feira que crimes de guerra foram cometidos tanto por Israel quanto pelo Hamas no conflito que começou há pouco mais de um mês.

'As atrocidades perpetradas por grupos armados palestinos em 7 de outubro foram hediondas, foram crimes de guerra - assim como a manutenção de reféns', disse Volker Turk na passagem de Rafah, no Egito, na fronteira com Gaza.

'A punição coletiva de civis palestinos por Israel também é um crime de guerra, assim como a retirada forçada ilegal de civis', acrescentou.

Israel tem bombardeado Gaza incessantemente em resposta a um ataque do Hamas no sul de Israel em 7 de outubro, no qual homens armados mataram 1.400 pessoas e fizeram cerca de 240 reféns. Os bombardeios israelenses já mataram mais de 10.500 pessoas, incluindo muitas mulheres e crianças.

'Eu peço - com urgência - que as partes concordem agora com um cessar-fogo', disse Turk.

Ele acrescentou que há três imperativos de direitos humanos: a entrega de ajuda humanitária suficiente para Gaza, a libertação de reféns e a 'implementação de um fim duradouro para a ocupação'.

'Caímos em um precipício e isso não pode continuar', afirmou ele. 'As ações de uma parte não absolvem as ações da outra parte.'

Israel tem resistido aos apelos das Nações Unidas e das nações do G7 por uma pausa humanitária nas hostilidades para aliviar o sofrimento em Gaza, dizendo que não concordará com um cessar-fogo até que os reféns sejam libertados. O Hamas afirma que não vai parar de lutar enquanto Gaza estiver sob ataque.

'Mesmo no contexto de uma ocupação de 56 anos, a situação é a mais perigosa que já enfrentamos para as pessoas em Gaza, em Israel, na Cisjordânia e também regionalmente', disse Turk.

(Reportagem de Nafisa Eltahir e Aidan Lewis, no Cairo, e Gabrielle Tétrault-Farber, em Genebra)