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Operação de ajuda humanitária à Venezuela via Brasil terá várias tentativas, diz porta-voz

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BRASÍLIA (Reuters) - A operação de entrega de ajuda humanitária à Venezuela através da fronteira brasileira está mantida para este sábado e serão feitas várias tentativas nos próximos dias, se não houver possibilidade de cruzar a fronteira de uma vez, disse nesta sexta-feira o porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros.

De acordo com informações do governo brasileiro, um caminhão venezuelano já está em Boa Vista e outros quatro estariam chegando nesta sexta, para que a operação seja iniciada no sábado.

'As doações serão transferidas por caminhões venezuelanos até a Venezuela. Os que não conseguirem entrar retornarão a Boa Vista para uma nova tentativa', disse o porta-voz.

Durante a tarde desta sexta, o presidente Jair Bolsonaro convocou uma reunião do Gabinete de Crise para analisar a situação na fronteira depois das informações de que conflitos do lado venezuelano teriam causado mortos e feridos. Apesar da preocupação com os riscos, a decisão foi de manter a operação como planejado.

Rêgo Barros, no entanto, reafirmou que a operação brasileira irá apenas até a fronteira entre Pacaraima e Santa Elena do Uairén.

“O limite da nossa ação é na linha de fronteira, pela questão da segurança do comboio. Entrando no território venezuelano a responsabilidade de prover segurança é do presidente Guaidó', disse Rêgo Barros, referindo-se ao autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó.

Questionado qual seria a reação do Brasil em casa de alguma agressão venezuelana, o porta-voz disse que o governo não trabalha com esse cenário.

'Queremos reforçar que a operação brasileira tem caráter exclusivamente de ajuda humanitária, não havendo qualquer interesse do nosso país no emprego de qualquer outra frente neste momento', disse Rêgo Barros.

Em evento em Brasília, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general da reserva Augusto Heleno, esclareceu que 'o Brasil não vai fazer nenhuma ação agressiva contra a Venezuela, porque é contra a Constituição e não é nosso pensamento'.

'Nós queremos que a situação se resolva da melhor forma possível', disse Heleno.

De acordo com dados do governo brasileiro, estão prontas para embarcar em Boa Vista 200 toneladas de alimentos --incluindo arroz, feijão, sal açúcar, café, entre outros não perecíveis, e kits de medicamentos--, com doações brasileiras e de outros países, principalmente dos Estados Unidos.

Na quinta-feira, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, determinou o fechamento da fronteira com o Brasil para impedir a passagem dos comboios de ajuda humanitária.

Nesta sexta, militares venezuelanos abriram fogo contra membros de uma comunidade indígena que tentavam manter a fronteira aberta em uma região a cerca de 70 quilômetros de Pacaraima, causando duas mortes e 12 pessoas feridas, de acordo com informações repassadas pelo porta-voz.

Apesar do risco de violência, a operação será mantida, mas a decisão de hora da partida e a avaliação de segurança em Pacaraima será feita pela operação local das Forças Armadas brasileiras com os venezuelanos, disse Rêgo Barros.

O chanceler brasileiro, Ernesto Araújo --que nesta sexta esteve em Cúcuta, na fronteira da Colômbia com a Venezuela-- irá no sábado a Roraima para se encontrar com a representante diplomática de Guaidó no Brasil, María Belandria. No domingo, o vice-presidente, Hamilton Mourão, irá para Bogotá, para uma reunião emergencial do Grupo de Lima no dia seguinte.

DESABASTECIMENTO

O governo também decidiu enviar para Roraima 80 caminhões de óleo diesel para abastecer uma termelétrica e tentar evitar o risco de apagão na região. Roraima é o único Estado não conectado a rede nacional de energia elétrica e é sustentada por energia produzida a vendida pela Venezuela.

“Estamos acompanhando (o risco de apagão) e decidimos nos antecipar a isso”, disse Rêgo Barros.

Também há planos de enviar combustível para veículos ao Estado, já que boa parte da população de Roraima costuma cruzar a fronteira para se abastecer na Venezuela, devido à enorme diferença de preço de combustível entre os dois países.

(Reportagem de Lisandra Paraguassu)

Escrito por Thomson Reuters

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