Oposição espanhola pede aos socialistas que ajudem a evitar coalizão com a extrema direita
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MADRI (Reuters) - O favorito para a eleição espanhola do próximo mês disse nesta segunda-feira que não tem muita esperança de chegar a um acordo com os socialistas, atualmente no poder, para evitar ter que formar uma coalizão com a extrema direita para governar o país.
As pesquisas que antecederam a votação de 23 de julho sugerem que o Partido Popular, de centro-direita, liderado por Alberto Nuñez Feijóo, conquistará o maior número de cadeiras, mas não terá a maioria e talvez precise governar em coalizão com o partido de extrema-direita Vox.
Feijóo disse que seu partido propôs aos socialistas um acordo pelo qual as duas legendas se comprometeriam a apoiar a que tivesse mais votos para formar um governo, sem a necessidade de uma coalizão, 'mas a resposta foi não'.
'Os socialistas farão acordos com qualquer um, menos com o PP', disse ele em um evento em Madri.
A perspectiva de acordos entre os dois maiores partidos da Espanha, que tradicionalmente governaram sozinhos com maiorias alternadas até 2016, vem ganhando cada vez mais destaque à medida que a votação se aproxima.
Uma pesquisa do 40DB publicada pelo El País nesta segunda-feira projetou que o PP poderia ganhar entre 128 e 142 assentos na câmara baixa de 350 membros. Uma aliança entre o PP e o Vox, que teria 37 a 41 assentos, ultrapassaria a maioria absoluta de 176 assentos necessária para governar.
Os socialistas, que têm governado em coalizão com partidos de extrema esquerda desde 2019, poderiam obter entre 99 e 109 assentos.
O Vox é antimuçulmano, antifeminista e se opõe ao sistema político de governo descentralizado da Espanha.
Nesta segunda, o primeiro-ministro socialista Pedro Sánchez descreveu os comentários de Feijóo como um 'exercício de cinismo', ressaltando que o PP concordou com governos de coalizão com o Vox em várias regiões e cidades onde seu partido teve mais votos.
O analista independente Miguel Angel Murado disse que o PP estava tentando se apresentar como 'um partido razoável... a favor de evitar os extremos'.
Mas já houve exemplos dessa cooperação entre PP e socialistas.
Os socialistas governarão Barcelona depois que o PP concordou em apoiar sua investidura. O candidato do partido pró-independência Junts per Catalunya era o favorito para se tornar prefeito até o acordo de última hora entre os tradicionais rivais da política espanhola.
Os socialistas também permitiram que Mariano Rajoy, do PP, formasse um governo minoritário em 2016 ao concordar em se abster em um voto de confiança, encerrando um impasse de 10 meses.
(Reportagem de Charlie Devereux)
Escrito por Reuters
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