Pais de dono da FTX compraram imóveis nas Bahamas por US$121 milhões
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Por Koh Gui Qing
NOVA PROVIDÊNCIA, Bahamas (Reuters) - Os pais do fundador da FTX e executivos de alto escalão da corretora de criptomoedas que fez pedido de recuperação judicial compraram pelo menos 19 propriedades no valor de quase 121 milhões de dólares nas Bahamas nos últimos dois anos, de acordo com registros oficiais de propriedade.
A maioria das compras foram casas de luxo à beira-mar, incluindo sete condomínios em uma comunidade turística chamada Albany, custando quase 72 milhões de dólares. As escrituras mostram que essas propriedades, compradas por uma unidade da FTX, seriam usadas como 'residência para funcionários-chave' da empresa. A Reuters não conseguiu determinar quem morava nos apartamentos.
Os documentos de outra casa com acesso à praia em Old Fort Bay - um condomínio fechado que já abrigou um forte colonial britânico construído em 1700 - mostram os pais de Bankman-Fried, os professores de direito da Universidade de Stanford Joseph Bankman e Barbara Fried, como signatários. A propriedade, segundo um dos documentos datados de 15 de junho, é para uso como 'casa de férias'.
Quando questionado pela Reuters por que o casal decidiu comprar uma casa de férias nas Bahamas e como foi pago - se em dinheiro, com hipoteca ou por terceiros como a FTX - um porta-voz do casal disse apenas que eles estavam tentando devolver a propriedade à FTX.
'Desde antes do processo de recuperação judicial, o senhor Bankman e a senhora Fried vêm tentando devolver a escritura à empresa e aguardam mais instruções', disse o porta-voz, recusando-se a dar mais detalhes.
Embora se saiba que a FTX e seus funcionários compraram imóveis nas Bahamas, onde a empresa estabeleceu sua sede em setembro do ano passado, os registros de propriedade vistos pela Reuters mostram a escala das compras e o uso pretendido de alguns dos imóveis.
A FTX, que entrou com pedido de recuperação judicial no início deste mês após uma onda de saques de clientes, não respondeu a um pedido de comentário.
Bankman-Fried disse à Reuters que morava em uma casa com outros nove colegas. Para seus funcionários, ele disse que a empresa fornecia refeições gratuitas e um serviço 'interno semelhante ao Uber' em toda a ilha.
Em um processo judicial aberto nos Estados Unidos no tribunal de falências do Distrito de Delaware no início deste mês, John Ray, o novo presidente-executivo da FTX, disse entender que os fundos da FTX Group foram usados para 'comprar casas e outros itens pessoais para funcionários e consultores'.
A Reuters não conseguiu determinar a fonte de recursos que a FTX e seus executivos usaram para comprar essas propriedades.
COMPRAS DE IMÓVEIS
A Reuters pesquisou registros de propriedade no Departamento de Registro Geral das Bahamas para FTX, Bankman-Fried, seus pais e alguns dos principais executivos da empresa.
A FTX Property Holdings, uma unidade da FTX, comprou 15 propriedades no valor de quase 100 milhões de dólares em 2021 e 2022.
A compra mais cara foi uma cobertura de 30 milhões de dólares no Albany, um resort onde Tiger Woods organiza um torneio de golfe todos os anos. Os registros de propriedade da cobertura, datados de 17 de março, foram assinados por Ryan Salame, o presidente da FTX Property, e mostraram que a intenção era 'residência do pessoal-chave'.
Salame não respondeu a um pedido de comentário.
Outras aquisições de imóveis de luxo incluem três condomínios em One Cable Beach, uma residência à beira-mar em New Providence. Os registros mostraram que os condomínios custam entre 950 mil e 2 milhões de dólares e foram comprados por Nishad Singh, ex-chefe de engenharia da FTX, Gary Wang, cofundador da FTX, e Bankman-Fried para uso residencial.
Singh e Wang não responderam aos pedidos de comentários.
Duas das propriedades imobiliárias da FTX Property foram marcadas para uso comercial - um conjunto de casas de 8,55 milhões de dólares que serviu como sede da FTX e um terreno de 2 hectares com vista para o mar que também deveria ser transformada em escritórios da empresa.
A sede da FTX agora está desocupada, com móveis encostados em algumas janelas e sinalização removida. O terreno, que custou 4,5 milhões de dólares, também está vazio. Um segurança da área disse que os funcionários não retornaram à sede depois de saírem no início deste mês.
Escrito por Reuters
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