Paramilitares do Sudão abusaram sexualmente de vítimas de 8 a 75 anos, diz missão da ONU
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Por Emma Farge
GENEBRA (Reuters) - As Forças de Apoio Rápido (RSF) do Sudão e seus aliados cometeram níveis 'surpreendentes' de abuso sexual, estuprando civis à medida que as tropas avançavam e sequestrando algumas mulheres como escravas sexuais durante a guerra de mais de 18 meses, disse uma missão da ONU na terça-feira.
As vítimas variam entre oito e 75 anos, segundo o relatório da missão de apuração de fatos da ONU, com a maior parte da violência sexual cometida pela RSF e milícias árabes aliadas em uma tentativa de aterrorizar e punir as pessoas por supostas ligações com inimigos.
'A grande escala de violência sexual que documentamos no Sudão é impressionante', disse o presidente da missão, Mohamed Chande Othman, em uma declaração que acompanha um relatório de 80 páginas baseado em entrevistas com vítimas, familiares e testemunhas.
O relatório ocorre após investigações da Reuters e de grupos de direitos sobre o abuso sexual generalizado no conflito.
A RSF, que está lutando contra o Exército do Sudão, não respondeu imediatamente a um pedido de comentário. Ela já havia dito anteriormente que investigaria as alegações e levaria os perpetradores à justiça.
A paramilitar RSF tem raízes nas chamadas milícias Janjaweed, que ajudaram os militares a esmagar uma rebelião na região de Darfur, no oeste do Sudão, há duas décadas.
No conflito atual, a RSF assumiu o controle de grande parte do Sudão, inclusive em Darfur Ocidental, onde é acusada de realizar assassinatos étnicos contra o povo Masalit com a ajuda de milícias árabes.
A missão da ONU disse que os insultos racistas contra os não árabes em partes do Estado de Darfur Ocidental foram amplamente usados durante os ataques sexuais, o que indica uma segmentação étnica.
Uma das vítimas, de El Geneina, em Darfur Ocidental, contou que seu estuprador lhe disse, sob a mira de uma arma: 'Faremos com que vocês, as meninas Masalit, deem à luz crianças árabes', informou o relatório.
Em outro caso, uma mulher de Darfur Ocidental foi mantida em cativeiro por mais de oito meses por guardas da RSF e engravidada por seu principal captor durante repetidos estupros, acrescentou.
Escrito por Reuters
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