Peru derruba 'muro da vergonha' de Lima, mas desigualdade social continua forte
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LIMA (Reuters) - Um 'muro da vergonha' de 4,5 quilômetros que separa propriedades luxuosas na capital peruana, Lima, das comunidades vizinhas que vivem na pobreza está sendo derrubado após cerca de quatro décadas, embora a desigualdade social continue forte.
O muro, que se tornou um símbolo da profunda desigualdade na nação andina, começou a ser demolido graças a uma decisão do tribunal constitucional do país, após uma batalha legal de quatro anos.
'Ele afeta o livre trânsito, mas também fere a dignidade dos vizinhos', disse o magistrado Gustavo Gutierrez, que está supervisionando a demolição. 'É uma divisão que separa dois grupos sociais que não deveriam existir.'
Os moradores do rico distrito de La Molina começaram a construir o muro na década de 1980, alegando preocupações com a segurança durante os anos de violência do Sendero Luminoso, um grupo rebelde maoísta que pretendia derrubar o governo.
A campanha de guerrilha do grupo levou a 20 anos de conflito brutal com as Forças Armadas do Peru, deixando cerca de 69 mil mortos ou desaparecidos, de acordo com dados oficiais. O grupo foi, em grande parte, desfeito na década de 1990, mas o muro que divide La Molina e a Villa Maria del Triunfo, região mais pobre, permaneceu e aumentou de tamanho.
Francisco Dumler, administrador municipal de La Molina, disse que os moradores cumprirão a decisão, mas a demolição poderá demorar devido a custos imprevistos.
'Também precisa ficar claro que não há possibilidade de construir caminhos ou qualquer tipo de acesso de veículos para permitir a travessia diretamente para La Molina a partir de Villa Maria del Triunfo', disse ele.
Outros moradores disseram estar preocupados com a possibilidade de pessoas de fora se mudarem para a área. La Molina possui parques exuberantes e grandes residências que podem custar vários milhões de dólares.
Do outro lado do muro, casas humildes estão sendo construídas cada vez mais no alto da colina.
(Reportagem de Anthony Marina, Carlos Valdez e Marco Aquino)
Escrito por Reuters
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