Plataforma republicana apoiada por Trump modera linguagem sobre aborto
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Por James Oliphant e Helen Coster
WASHINGTON (Reuters) - O Partido Republicano divulgou sua plataforma nesta segunda-feira que nega a ativistas anti-aborto uma linguagem mais abrangente demandada por eles sobre o aborto e abraça opiniões do seu candidato presidencial, Donald Trump.
A plataforma, uma declaração formal dos objetivos do partido, contém a posição de Trump considerando que a questão do aborto tem que ser determinada individualmente por cada Estado norte-americano. Não menciona uma proibição federal ou a proteção do feto como uma pessoa pela Constituição — princípios incluídos em plataformas anteriores e exigidos por um grupo de influentes evangélicos.
A plataforma, não-vinculante, também promete que Trump e os republicanos vão construir um escudo de defesa anti-míssel sobre os Estados Unidos, realizar a 'maior deportação da história norte-americana' de pessoas ilegais no país, tornar permanentes os cortes de impostos de Trump e aprovar 'grandes cortes de impostos para trabalhadores', ao mesmo tempo em que querem eliminar cartéis de drogas, proteger o Medicare e os benefícios sociais e defender o uso de dinheiro público para mensalidades de escolas particulares.
Todas elas, políticas defendidas por Trump na campanha, o que evidencia seu controle sobre o partido antes da convenção da próxima semana em Milwaukee, Wisconsin. Na ocasião, ele será formalmente nomeado para enfrentar o presidente Joe Biden na eleição de 5 de novembro.
Trump entrou por meio de ligação telefônica na reunião do comitê de plataforma nesta segunda-feira e falou por cerca de 15 a 20 minutos, segundo Ben Proto, integrante do comitê de Connecticut, onde atua como presidente estadual do partido.
Proto afirmou que houve poucos debates sobre as disposições da plataforma, a serem apresentadas ao partido para adoção na convenção.
'Praticamente todo mundo no comitê entendeu que este era um documento dele', disse Proto.
'Esta é a sua visão. Ela se alinha muito bem, obviamente, com muitas posições republicanas.'
Conservadores no campo dos costumes enviaram uma carta a Trump no mês passado pedindo que ele preservasse a linguagem de plataformas anteriores, cobrando uma 'emenda à Constituição sobre a vida humana e legislação para deixar claro que as proteções da Décima Quarta Emenda se aplicam a crianças antes do nascimento'.
A nova plataforma não chega a tanto. Apenas diz que os Estados agora estão livres para aprovar leis de acordo com a Constituição e com a decisão da Suprema Corte, de 2022, de reverter o direito da mulher ao aborto e permitir que os Estados imponham restrições mais rígidas.
Não menciona regulamentações federais sobre a pílula do aborto mifepristone — que alguns grupos anti-aborto também querem restringir — e diz que o partido apoia políticas de promoção de tratamentos de fertilização in vitro, contracepção e atendimento pré-natal.
Marjorie Dannenfelser, presidente do grupo Susan B. Anthony Pró-Vida America, que havia alertado a campanha de Trump na semana passada que sua aliança política de longa data com conservadores corria risco caso o partido adote uma posição diluída sobre o aborto, disse em comunicado que o partido reafirmou seu compromisso de proteger a vida não nascida.
A campanha Biden condenou a posição sobre o aborto da plataforma como extrema.
'Donald Trump deixou claro, com suas próprias palavras e ações, o que fará se recuperar o poder — vai retirar as liberdades das mulheres, punir mulheres e proibir o aborto nacionalmente', afirmou a porta-voz Sarafina Chitika, em comunicado.
PRIORIDADES CLARAS
A campanha de Trump havia indicado que desejava um documento mais simples que no passado, com uma definição clara das prioridades de Trump caso eleito, sem jargões de grupos de interesses específicos.
'A Plataforma do Partido Republicano 2024 do presidente Trump articula sua visão para 'Tornar a América Grande Novamente' de uma maneira concisa e digerível para todos os eleitores', disseram os assessores seniores da campanha de Trump, Chris LaCivita e Susie Wiles em comunicado.
(Reportagem de James Oliphant e Helen Coster; Reportagem adicional de Nathan Layne e Gram Slattery)
Escrito por Reuters
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