Prazo final para acordo entre montadoras e sindicato dos EUA se aproxima e eleva chance de greves
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Por David Shepardson
(Reuters) - Montadoras e representantes sindicais dos Estados Unidos exibiam pouca esperança de que um acordo pudesse ser alcançado nesta quinta-feira para evitar uma paralisação à meia-noite, o que seria a primeira greve simultânea do sindicato United Auto Workers (UAW) contra as três grandes montadoras do país: Ford, General Motors e Stellantis.
O UAW delineou na quarta-feira planos para uma série de greves visando fábricas de automóveis norte-americanas individuais e não divulgadas caso acordos não sejam alcançados até às 23h59 (no horário local) desta quinta-feira, em vez de uma paralisação total.
'Para vencer, provavelmente teremos que agir', disse o presidente do UAW, Shawn Fain, na quarta-feira.
Fain disse que as três montadoras ofereceram a 146.000 trabalhadores da indústria automobilística do país aumentos salariais de até 20% ao longo de quatro anos e meio, mas ele criticou a proposta como inadequada, mesmo quando as montadoras protestaram que o sindicato ainda não havia respondido formalmente às suas últimas ofertas mais generosas. O sindicato pede aumentos de 40% e grandes melhorias nos benefícios.
Fain delineou uma estratégia para 'criar confusão' com uma série de paralisações em fábricas específicas se nenhum acordo for alcançado.
Interromper o trabalho em uma fábrica importante de motores ou transmissões, por exemplo, poderia ter um efeito cascata ao privar outras fábricas das peças de que necessitam para produzir veículos. Outra opção seria atingir fábricas lucrativas de montagem de picapes ou SUVs.
As greves coordenadas representariam, sem dúvida, a ação sindical mais ambiciosa nos EUA em décadas e poderiam ter impacto no crescimento econômico do país, dependendo da sua duração.
Fain disse que ainda é possível que, posteriormente, todos os trabalhadores da indústria automobilística entrem em greve.
Uma greve total afetaria os lucros de cada montadora atingida em cerca de 400 milhões a 500 milhões de dólares por semana, presumindo que toda a produção fosse perdida, estimou o Deutsche Bank.
O presidente dos EUA, Joe Biden, encorajou as partes a permanecerem na mesa de negociação 'para obter um acordo benéfico aos dois que mantenha os trabalhadores do UAW no centro do nosso futuro automobilístico', disse o conselheiro econômico da Casa Branca, Jared Bernstein, na quarta-feira. Uma greve prolongada poderia representar problemas políticos para Biden.
As reivindicações do sindicato incluem a restauração das pensões de benefícios definidos para todos os trabalhadores, semanas de trabalho de 32 horas e aumentos salariais adicionais, bem como garantias de segurança no emprego e o fim da utilização de trabalhadores temporários.
O UAW disse que está planejando um comício em Detroit na sexta-feira que incluirá Fain, o senador Bernie Sanders e outros membros do Congresso, coincidindo com o primeiro dia de greves.
Escrito por Reuters
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