Rainha Margrethe, figura unificadora da Dinamarca, abdicará do trono no domingo
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Por Louise Rasmussen e Johannes Birkebaek
COPENHAGUE (Reuters) - Durante seu reinado de 52 anos, a rainha Margrethe 2ª, da Dinamarca, tornou-se uma figura unificadora para os dinamarqueses, inspirando amplo apoio para a monarquia em uma época na qual a realeza ao redor da Europa às vezes sofre para continuar relevante na sociedade moderna.
A rainha de 83 anos, a monarca mais longeva da Europa desde a morte da rainha Elizabeth, do Reino Unido, em 2022, passará o trono para o filho, Frederik, no próximo domingo.
Quase 80% dos dinamarqueses apoiam a monarquia, de acordo com pesquisas de opinião recentes, em contraste com menos de metade desse total quando Margrethe assumiu o trono em 1972.
O apoio à rainha era mais visível durante as viagens que ela fazia todos os verões ao redor do país com população de 5,9 milhões de habitantes, conversando longamente com pessoas comuns.
“Eu acho que a popularidade da rainha se resume à sua capacidade de compreender os arredores quando ela visita todas as cidades pequenas e também seu imenso conhecimento de história e do país em geral”, disse a professora Annemette Nordkild, de 55 anos.
Margrethe chocou a nação com seu anúncio surpresa na véspera de Ano Novo de que havia decidido abdicar. No passado, havia dito várias vezes que permaneceria no cargo a vida inteira. Em uma entrevista em 2022, afirmou: “Há coisas que não mudam. Governos mudam, eles deveriam mudar, eles precisam mudar, mas o soberano continua lá. Nem tudo precisa ser diferente o tempo inteiro. Você pertence ao seu país. Você pertence a uma nação inteira”.
Margrethe nasceu em 1940, filha do rei Frederik 9º e da rainha Ingrid, nascida sueca. Ela era a mais velha de três irmãs e se tornou herdeira do rei em 1953, após uma emenda constitucional que permitiu que uma mulher herdasse o trono.
Foi coroada rainha aos 31 anos, a primeira monarca mulher da Dinamarca desde os anos 1380.
“Houve tanto rebuliço por eu ser mulher. Não foi muito engraçado, sendo sincera”, disse, em uma entrevista em 2019.
“Defendi nesse contexto que não foi por mérito meu, nem eu ser mulher ou ser chefe de Estado. É uma coincidência biológica”, disse.
Em 1967, ela se casou com o diplomata francês Henri de Laborde de Monpezat, que serviu como seu consorte real até morrer em 2018. Os dois filhos do casal são o príncipe Frederik, que se tornará rei Frederik 10º no domingo, e o príncipe Joachim.
(Reportagem de Louise Breusch Rasmussen, Johannes Gotfredsen-Birkebaek)
Escrito por Reuters
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