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Regime sírio organizou temidas milícias fantasmas, dizem investigadores de crimes de guerra

Placeholder - loading - Manifestantes retiram pôster gigante do presidente sírio, Bashar al-Assad, em Deraa 25/03/2011 REUTERS/Vídeo Amador via Reuters TV
Manifestantes retiram pôster gigante do presidente sírio, Bashar al-Assad, em Deraa 25/03/2011 REUTERS/Vídeo Amador via Reuters TV

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Por Stephanie van den Berg e Maya Gebeily

HAIA/BEIRUTE (Reuters) - Nos primeiros anos do conflito brutal na Síria, altos funcionários do governo estabeleceram e dirigiram grupos paramilitares conhecidos como shabbiha para ajudar o Estado a reprimir oponentes, documentaram investigadores de crimes de guerra.

Em um relatório compartilhado com a Reuters, a Comissão Internacional de Justiça e Responsabilidade (Cija, na sigla em inglês) publicou sete documentos que seus investigadores disseram mostrar que os mais altos níveis do governo da Síria 'planejaram, organizaram, instigaram e implantaram' as shabbiha desde o início da guerra, em 2011.

Investigadores da ONU em 2012 concluíram que havia motivos razoáveis para acreditar que as milícias shabbiha cometeram crimes contra a humanidade, incluindo assassinato e tortura, e crimes de guerra, como prisões e detenções arbitrárias, violência sexual e pilhagem.

Os documentos do Cija não contém ordens escritas diretas para que atrocidades fossem cometidas.

O governo sírio não respondeu a um pedido de comentário da Reuters. Anteriormente, o governo culpou os combatentes da oposição por vários assassinatos em massa estudados pela Cija no relatório. O governo não comentou publicamente sobre as shabbihas, que significa fantasmas em árabe, ou se teve algum papel na organização dos grupos.

Datados de janeiro de 2011 -- os primeiros dias dos protestos contra o governo do presidente sírio, Bashar al-Assad --, os documentos detalham a criação dos chamados Comitês Populares, grupos que incorporaram partidários do regime já conhecidos como shabbiha ao aparato de segurança, e os treinou, instruiu e armou, disse o relatório.

Os documentos incluem instruções em 2 de março de 2011 da inteligência militar às autoridades locais por meio de Comitês de Segurança dirigidos pelos líderes do partido Baath, de Assad, para 'mobilizar' informantes, organizações de base e os chamados amigos do governo de Assad. Em documentos posteriores, em abril, eles são ordenados a transformá-los em Comitês Populares.

Eles também contêm instruções em abril, maio e agosto de 2011 para Comitês Populares do recém-criado Comitê Central de Gerenciamento de Crise (CCMC), uma mistura de forças de segurança, agências de inteligência e altos funcionários que se reportavam diretamente a Assad, disse o relatório.

Uma das primeiras diretrizes do CCMC, datada de 18 de abril de 2011, e incluída na íntegra no relatório, determinava que os Comitês Populares fossem treinados no uso de armas contra manifestantes, bem como na forma de prendê-los e entregá-los às forças do governo.

(Reportagem de Stephanie Van Den Berg e Maya Gebeily)

Escrito por Reuters

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