Relator propõe teto de juro para rotativo do cartão caso governo e BC não solucionem problema
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Por Bernardo Caram
BRASÍLIA (Reuters) - O relator do projeto de lei que trata do programa Desenrola, deputado Alencar Santana (PT-SP), disse nesta quinta-feira que a medida vai estabelecer um teto de juro para o rotativo do cartão de crédito a ser instituído se o governo e o Banco Central não encontrarem uma solução para o problema.
Em entrevista a jornalistas, Santana disse que o texto dará 90 dias de prazo após a sanção da lei para que o Conselho Monetário Nacional (CMN) discipline o tema de modo a encontrar uma solução que permita juros mais baixos.
Caso contrário, a regra definirá que, após esse prazo, o juro máximo do rotativo será equivalente ao valor principal da dívida. Uma pendência de 1.000 reais, por exemplo, poderá ter incidência máxima de 1.000 reais de juros. Isso significa que o juro máximo seria de 100%, contra os mais de 400% ao ano cobrados atualmente nessa modalidade.
Segundo o relator, a ideia é que o setor financeiro apresente uma proposta de autorregulação ao CMN, que posteriormente faria a regulamentação. O Conselho é composto pelo presidente do BC e os ministros da Fazenda e do Planejamento.
'Fazer o Desenrola, colocar dinheiro público como garantia e não tratar desse mal (dos juros elevados) seria a mesma coisa de dar um remédio paliativo, e não tratar a causa do problema', disse o relator.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, chegou a afirmar no início do mês que as discussões sobre o tema se encaminhavam para que o crédito rotativo fosse extinto, fazendo com que faturas não pagas caíssem direto no crédito parcelado com juros de aproximadamente 9% ao mês (181% ao ano).
Nos dias seguintes, porém, Campos Neto disse que tomou um 'puxão de orelha' por ter falado sobre a possível solução e passou a afirmar que o tema ainda estava em aberto e uma proposta seria apresentada à frente.
O Desenrola, programa do governo para renegociar dívidas das famílias, foi enviado ao Congresso por meio de medida provisória, mas um acordo político definiu que a iniciativa será incorporada em um projeto de lei que já tramitava no Legislativo e é relatado por Santana.
De acordo com o relator, não haverá mudanças nas regras gerais do programa de renegociação de débitos, que já está funcionando e terá uma nova etapa em setembro, alcançando dívidas de pessoas com renda de até dois salários mínimos. As operações nessa fase do programa contarão com garantia oferecida pelo Tesouro Nacional.
Escrito por Reuters
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