REM finalmente dá entrevista, depois de 30 anos
Na conversa, a banda discute a sua separação, amizade e homenagem no Hall da Fama dos Compositores
Publicada em
Os quatro músicos originais do R.E.M. finalmente se reuniram para uma entrevista depois de 30 anos sem fazê-lo.
O R.E.M. foi formado em 1980 na Universidade da Geórgia, em Atenas, pelos músicos Michael Stipe (voz), Peter Buck (guitarra), Mike Mills (baixo) e Bill Berry (bateria). A banda começou universitária e rapidamente se tornou gigante, levando o indie rock ao topo das paradas pop e marcando a transição do pós-punk para o rock alternativo. No início da carreira, Berry disse que eles escreviam músicas o mais rápido que podiam "só para colocar comida na mesa".
O grupo destacou-se no cenário do rock universitário underground graças ao álbum Murmur. Nos anos 90, o grupo alcançou ainda mais sucesso com álbuns como Automatic for the People, tornando-se favoritos de outros artistas da época, como Kurt Cobain do Nirvana e Thom Yorke do Radiohead.
Apesar de as rádios universitárias americanas terem sido o principal apoio da banda no início, foi com o álbum Out of Time, voltado ao mainstream, que eles passaram a ser uma das bandas mais conhecidas do mundo. É praticamente impossível conhecer alguém que está na casa dos 40 e nunca ouviu Losing My Religion, o maior hit da banda e uma das canções do pop rock mais conhecidas do mundo.
A banda decidiu acabar durante as gravações do álbum Collapse into now, em 2011. E, depois de 30 anos sem concederem uma entrevista, os artistas se reuniram para o canal de notícias CBS, no programa CBS Mornings.
Inclusive, a entrevista acontece em um momento especial para a banda: a introdução dela no Songwriters Hall of Fame foi anunciada e está marcada para ocorrer em Nova York no dia 13 de junho. Apesar de não terem divulgado nenhuma reunião oficial, os membros do grupo têm colaborado em vários projetos recentes.
"Você sabe, nós vivemos ou morremos com base na força de nossas músicas. Portanto, esta é uma grande honra", disse Buck sobre a homenagem.
“É a coisa mais difícil que fazemos. E é a coisa em que mais trabalhamos desde o início”, acrescentou Mills.
Este ano, o R.E.M. não é o único grupo a ser introduzido no Songwriters Hall of Fame. Outros homenageados incluem os pioneiros do jazz-rock dos anos 1970, Steely Dan, e o renomado produtor de hip-hop Timbaland. Para serem considerados para o Songwriters Hall of Fame, os artistas precisam ter lançado sua primeira música comercialmente há mais de 20 anos.
Os quatro membros originais do R.E.M. em entrevista ao canal "CBS", junho de 2024
Início da carreira
Eles chegavam ao estúdio todas as tardes com uma série de ideias para ver se inspiravam algum dos integrantes. Mills, Buck e Berry compunham a melodia e deixavam as letras para Stipe, a quem Mills considerava um dos melhores "melodistas" do mundo.
Quando perguntado sobre a pressão das gravadoras para criar novas músicas, Stipe brincou dizendo que Buck estava sempre ansioso pelo próximo álbum do R.E.M. , criando uma pressão necessária no grupo para que as músicas saíssem.
“Alguém precisa dirigir o trem, e ficamos todos mais do que felizes em ter Peter como nosso motivador”, disse Mills.
“Mais do que feliz” pode não ser a frase que eu usaria”, disse Buck.
“Olhando para trás”, disse Stipe rindo. “Há um trabalho que não existiria se você não estivesse nos pressionando tanto quanto você.
Já algumas músicas foram compostas facilmente – como “Losing My Religion”.
Buck faz uma piada dizendo que ainda não aprendeu a tocar bandolim, e Stipe admite que não consegue recordar a inspiração para a letra, embora lembre que o refrão originalmente dizia: "Sou eu na cozinha - não o centro das atenções".
Stipe afirmou que gosta muito da canção, mas a banda jamais esperou que ela se tornasse um sucesso. Mills comentou que ela nunca deveria ter alcançado tal destaque.
"É como uma abelha. Eles não deveriam ser capazes de voar. Essa música não deveria ter sido um sucesso", disse.
Separação amistosa
O grupo se desfez em fases. Primeiro, um incidente triste ocorreu em 1995: Berry sofreu um duplo aneurisma cerebral durante um show na Suíça. Ele se recuperou, mas deixou a banda dois anos depois. O R.E.M. continuou, porém os músicos admitem que isso foi um elemento que desequilibrou a banda.
Depois que Berry saiu, Buck admitiu que a banda enfrentou dificuldades para chegar a um acordo em termos musicais - desde o estilo das músicas a serem criadas, o processo de gravação até as decisões sobre turnês, entre outras questões.
"Mal conseguíamos concordar sobre onde jantar. Agora, ao menos conseguimos decidir onde ir jantar", disse Buck.
No entanto, os membros da banda estão animados por se reunirem para celebrar uma grande conquista.
"Estamos aqui para contar nossa história e estamos sentados à mesma mesa com profunda admiração e amizade para toda a vida", disse Stipe. "Muitas pessoas que fazem isso não podem afirmar o mesmo."
Em conclusão, os integrantes da banda confessaram que nunca tinham pensado em largar o R.E.M. quando o fizeram. A não ser Berry, que teve seu nível de energia e motivação reduzidos após a cirurgia cerebral.
“Acho que desistimos na hora certa. Este é um ótimo lugar para terminar, você sabe – ótima turnê, ótimo álbum, vá para casa”, disse Buck.
E, para a tristeza dos fãs que sonham por um reencontro oficial, o R.E.M. disse que pretende não se reunir novamente. Quando perguntado sobre o que precisaria ser feito para juntar a banda por mais uma vez, Mills respondeu “um cometa”. Os músicos entraram em um consenso de que nada os faria mudar de opinião.
Veja também:
#TBT: EM 1983, O R.E.M. LANÇAVA 'MURMUR', ÁLBUM DE ESTREIA DA BANDA
R.E.M: RELEMBRE 10 MAIORES SUCESSOS DA BANDA
Descontos especiais para distribuidores
SALA DE BATE PAPO