Secretário de Saúde dos EUA anuncia visita a Taiwan e irrita China
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Por Ben Blanchard e Yimou Lee
TAIPÉ (Reuters) - O secretário de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, Alex Azar, visitará Taiwan nos próximos dias, disse seu gabinete nesta terça-feira, tornando-o a autoridade norte-americana de mais alto escalão em quatro décadas a visitar a ilha --uma medida que irritou a China, que reivindica Taiwan como sua.
A visita de Azar piorará a já desgastada relação entre Pequim e Washington, inflada por disputas em comércio, a pandemia e direitos humanos, apesar de a democrática Taiwan apreciar o gesto de apoio diante da implacável pressão chinesa.
Durante sua visita, Azar se encontrará com o presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, disse o Ministério das Relações Exteriores, o que pode enfurecer ainda mais a China.
'Taiwan tem sido um modelo de transparência e cooperação em saúde durante a pandemia de Covid-19 e muito antes dela”, disse Azar, em um comunicado. “Estou ansioso para passar o apoio do presidente Trump à liderança global de Taiwan na questão da saúde e sublinhar nossa confiança compartilhada de que sociedades livres e democráticas são os melhores modelos para proteger e promover a saúde.'
Seu departamento, descrevendo a viagem como 'histórica', disse que Azar estaria acompanhado por Mitchell Wolfe, médico-chefe do Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos EUA, e outros membros da administração.
O ministro da Saúde de Taiwan, Chen Shih-chung, que também se reunirá com Azar, disse que estava ansioso pela visita.
'Também reforça bastante nosso status global em saúde pública', disse Chen a repórteres. 'É um grande passo à frente.'
Mas a China denunciou a viagem, dizendo que se opunha a qualquer interação oficial entre EUA e Taiwan e que havia apresentado 'representações severas' a Washington.
'Taiwan é o assunto mais importante e sensível nas relações entre China e EUA', afirmou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores Wang Wenbin em Pequim.
Taiwan está especialmente grato pelo apoio dos EUA ao seu pedido de acesso significativo à Organização Mundial da Saúde durante a pandemia.
Taiwan não é um membro da entidade por causa das objeções da China. Pequim considera que a ilha é apenas uma das províncias chinesas. Taiwan denunciou as tentativas chinesas de bloquear seu acesso, embora Pequim diga que a ilha recebeu a ajuda que precisava.
O presidente norte-americano, Donald Trump, assinou uma nova lei, em março, exigindo mais apoio ao papel internacional de Taiwan. A China ameaçou retaliar, sem entrar em detalhes, em resposta.
Os Estados Unidos, como muitos países, não têm relações diplomáticas formais com Taiwan, trocando Taipei por Pequim em 1979, mas são seu principal fornecedor de armas e maior apoiador no palco internacional.
Gina McCarthy, então chefe da Agência de Proteção Ambiental, foi a última autoridade governamental norte-americana a visitar Taiwan, em 2014. Sua posição é hierarquicamente inferior à de Azar.
Taiwan foi elogiado pela sua resposta à pandemia de coronavírus, mantendo o número de casos em um patamar baixo graças a medidas de prevenção eficientes tomadas cedo.
Os Estados Unidos têm mais casos de coronavírus e mortes que qualquer outro país.
(Por Ben Blanchard e Yimou Lee; Reportagem adicional de Yew Lun Tian em Pequim)
Escrito por Reuters
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