Siderúrgica US Steel vira alvo de aquisição nos EUA
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Por Anirban Sen e David Carnevali
NOVA YORK (Reuters) - A US Steel Corp atraiu interesse de grupos que avaliam a aquisição de seus ativos após desafios de curto prazo que incluem investimentos de modernização de fornos e possíveis paralisações na produção de automóveis nos Estados Unidos e que pesaram sobre seu valor de mercado, afirmaram fontes próximas do assunto.
A empresa sediada em Pittsburgh tem um valor de mercado de 6,8 bilhões de dólares e está explorando opções em meio a ofertas de aquisição de outros participantes do setor, incluindo Cleveland-Cliffs e Esmark. A Reuters publicou na quarta-feira que a ArcelorMittal SA também estava estudando uma possível oferta.
Antes de divulgar o recebimento de ofertas em 13 de agosto, as ações da US Steel estavam subvalorizadas em comparação com muitos de seus principais pares. O valor de mercado da empresa, incluindo a dívida líquida, era equivalente a 3,6 vezes o lucro projetado para 12 meses antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda), em comparação com 5 vezes o da Cleveland Cliffs. Duas outras rivais americanas, Nucor Corp e Steel Dynamics Inc, são negociadas a múltiplos de 6,9 e 5,8 vezes, respectivamente, de acordo com dados da Refinitiv.
Esse desconto, combinado com o desejo de aumentar a participação no mercado e obter sinergias de custo, levou a Cleveland-Cliffs a abordar a US Steel com uma oferta no mês passado, e a Esmark a seguir o exemplo, disseram as fontes. As ofertas dessas duas empresas avaliam a US Steel em 6,2 vezes o Ebitda previsto para 2024, de acordo com analistas da RBC Capital Markets.
É provável que parte do desconto na avaliação seja temporário e, em parte, resultado dos atuais investimentos da US Steel, disseram as fontes e analistas que cobrem a empresa.
A US Steel investirá cerca de 2,5 bilhões de dólares em 2023 - aproximadamente o mesmo valor do lucro líquido de 2022 - em seus equipamentos, incluindo a substituição de alguns de seus antigos altos-fornos por fornos elétricos.
Ao contrário dos altos-fornos, os equipamentos elétricos não precisam ser operados a taxas constantes, permitindo que se ajustem às flutuações da demanda por aço. Os equipamentos desse tipo também liberam muito menos dióxido de carbono do que os altos-fornos que consome grandes quantidades de carvão.
Embora se espere que o investimento em equipamentos seja compensado no longo prazo, ele limitou a quantidade de capital que a US Steel pode retornar aos acionistas no curto prazo, o que tem sido outra prioridade da empresa. A companhia completou 1,2 bilhão de dólares em recompras de ações nos últimos dois anos.
Também pesam sobre a US Steel as preocupações com possíveis greves no setor automotivo nos EUA, um importante cliente da empresa. O presidente dos EUA, Joe Biden, pediu aos trabalhadores do setor automotivo e às três grandes montadoras de Detroit nesta semana que evitem greves por meio de um novo acordo, antes que os contratos expirem no próximo mês.
O setor automotivo e de transportes representou quase um quarto dos embarques de aço da US Steel nos EUA em 2022, de acordo com o relatório anual da empresa. A Cleveland-Cliffs tem uma exposição semelhante.
'As greves da indústria automotiva dos EUA afetariam a Cliffs e a US Steel, como operadoras de alto-fornos, mais do que os participantes que usam fornos elétricos, portanto, essa pode ter sido apenas a oportunidade para a Cliffs fazer uma oferta pela US Steel', escreveram os analistas da Jefferies em uma nota de 14 de agosto.
RENASCIMENTO DA MANUFATURA
No entanto, há um lado positivo na US Steel que a Cleveland-Cliffs e outros pretendentes perceberam, de acordo com as fontes.
A empresa fornece aço para infraestrutura de energia renovável, como turbinas eólicas, e, portanto, pode se beneficiar da Lei de Redução da Inflação (IRA), que oferece créditos fiscais e outros incentivos para esses projetos, além de incluir cláusulas de 'compra norte-americana'. O presidente-executivo da US Steel, David Burritt, chama a IRA de 'Lei do Renascimento da Indústria'.
A empresa também espera que seu investimento na produção de aço elétrico para aplicações como motores de veículos elétricos e transformadores de energia, seja compensado. A companhia prevê uma taxa de crescimento anual composta de 7% apenas para o aço elétrico de grão não orientado e para o laminado para motores, em comparação com 1% para o mercado mais amplo de chapas de aço.
O setor siderúrgico dos EUA já se beneficiou das tarifas de importação impostas em 2018 pelo ex-presidente Donald Trump e que protegeram os produtores norte-americanos de importações de material produzido em outros países como Brasil e China. As interrupções na cadeia de suprimentos e o aumento da inflação, no entanto, pesaram desde então sobre a US Steel e seus pares.
Escrito por Reuters
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